Há uma ânsia justificada pelo retorno dos jogos de futebol. Isto não é exclusividade do Rio Grande do Sul. O mundo quer a volta das competições. A volta do esporte em geral, porém, precisa funcionar como símbolo seguro de um controle, ainda que parcial, da pandemia. É um sinal para a população. O que não pode acontecer é a inversão, com a atividade esportiva funcionando como um convite ao fim do distanciamento ou à abertura que ignora que o coronavírus está longe de ser controlado.
A China foi o país em que o vírus se apresentou, no final de 2019. Pois lá o futebol parou e ainda não tem data certa para retomar seus campeonatos, mesmo que os indicativos locais apresentem queda nos números de infectados e mortos. Mas fiquemos em outro exemplo, o da Alemanha, tida como a nação mais evoluída no combate à pandemia. Pois lá tudo parou, há testes em número muito maior do que no Brasil e recursos financeiros incomparavelmente mais robustos. Clubes alemães com ricos e rígidos protocolos de postura, já voltaram aos treinos. O campeonato? Talvez daqui a 15 dias, mas o Governo se mostra relutante.
A volta dos treinos para Grêmio e Inter a partir da próxima segunda-feira não pode projetar um retorno do Gauchão para antes de junho. Há os clubes do Interior, com muito menos recursos para se adequarem. Além disso, existe a lógica dos fatos. Como um certame de futebol no Brasil pode ser retomado praticamente ao mesmo tempo que o alemão, mesmo que com portões fechados? Não fecha esta conta. Vamos ter de esperar mais.
Estamos atrasados em relação a eles, e recuperar este atraso na marra pode piorar tudo. Aqui, a pandemia não tem sinais de controle, mesmo que o Rio Grande do Sul tenha um panorama menos dramático do que outros Estados. Ainda que sem má intenção, se está, clara e perigosamente, atropelando a segurança com simplificações. Todos queremos ver a bola rolando, mas não precisamos deixar que isto aconteça enquanto são abertas valas comuns para enterros.