Quando eram oposição, apoiadores de Bolsonaro criticavam o Bolsa Família. Consideravam o programa assistencialista e de inspiração comunista. Como diria Mario Quintana, chegaram ao outro lado da verdade. Ainda bem. É inaceitável que, com tanto dinheiro e recursos no mundo, famílias passem fome. Não é uma questão ideológica. É uma questão moral e humana.
Nota-se, porém, que uma das mais acertadas críticas à ideia, tal qual vinha sendo aplicada nos governos do PT, definhou. Nos anos Lula e Dilma, não havia estímulos e nem processos suficientes para sair do programa, o que, na correta visão liberal sobre o tema, perenizava a dependência dos cidadãos na relação com Estado.
Houve até algumas tentativas no começo da gestão Bolsonaro. Mas o assunto se apagou. Se há algo a confirmar que os esforços pela aprovação do Auxílio Brasil, o novo nome do Bolsa Família, são essencialmente eleitoreiros, é a vontade avassaladora de concedê-lo, sem maiores debates ou pressões para que exista uma porta larga de saída.
Ok, tivemos a pandemia, que determinou retração de emprego em todo o planeta. Mas isso não impede que coerência seja mantida. Seria melhor, como queriam muitos bolsonaristas lá atrás, colar com Super Bonder ao Auxílio Brasil que as famílias se emancipem e conquistem sua dignidade através da educação e da formação profissional alinhada com as necessidades de um mundo cada vez automatizado e que, por isso, precisa de seres humanos qualificados. Em vez disso, assistimos a um projeto de poder a matar de fome o projeto de país. De novo.