A repercussão exagerada de uma imitação, feita em um jantar privado, só dá razão a quem se diz cansado do politicamente correto. Estão à mesa figuras grisalhas e relevantes, como o ex-presidente Michel Temer. Lá pelas tantas, o humorista André Marinho começa seu show. Com a voz igual à de Bolsonaro, brinca com a nota de pacificação intermediada por Temer. Fala também da peruca do ministro Fux. Todos riem. Pronto. O mundo caiu.
Textões indignados começaram a pipocar no Facebook, fúria, indignação instantânea, como se rir de uma piada fosse crime. Se há algum erro, foi de quem divulgou o vídeo de um encontro privado. As piadas são boas? Oportunas? Tudo isso se pode discutir.
O fato é que não são, em tese, ofensivas. Só que hoje, infelizmente, tudo é ofensivo. E quase sempre o que determina isso não é o fato, mas repercussão que se dá a ele, muitas vezes fora de contexto. Ainda mais quando o alvo do linchamento é Michel Temer, que é chamado e vampiro e desenhado como tal 754 vezes por dia e jamais reagiu a isso publicamente.
O dia em que fazer piada com os poderosos for pecado ou crime, a democracia terá perdido a graça. Tomara que estejamos longe disso. Tomara.