O julgamento prometia ser um dos fatos de maior repercussão do século aqui no Rio Grande do Sul. Deveria ter começado em março, depois de sete anos de demora nos escaninhos da Justiça. Foram 242 os mortos no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria. A lei brasileira é bem intencionada ao garantir amplo direito de defesa a quem é acusado. Só que exagera na possibilidade de recursos e questionamentos. No fim, que tem advogados habilidosos, leva vantagem. Ganhar tempo, mais uma vez, valeu a pena. Com a pandemia, o Judiciário se viu paralisado em muitas frentes e os holofotes se voltaram para outro lado.
O caso Kiss sumiu das manchetes e das conversas. Mas não pode ser esquecido. Por isso, publico hoje esse texto curto. Há mortos, amigos e famílias destroçadas esperando que a justiça possível se faça. Porque tanta demora já é um prêmio ao descaso, à impunidade, à burocracia e à injustiça amparada, por mais incrível que pareça, pela própria lei.