A decepção com o crescimento do PIB em 2019, o menor em três anos, atinge em cheio um dos pilares do governo Bolsonaro. Até a divulgação do dado, o ministro Paulo Guedes era, junto com Sergio Moro, a grande estrela de Brasília.
O fato é que Guedes prometeu mais do que entregou. Com isso, perde prestígio não apenas junto ao presidente, mas também frente ao mercado.
Ninguém no governo tem tanto poder e autonomia quanto o ministro da Economia. Por isso, o crescimento de 1,1% do PIB, inferior ao primeiro ano do governo Temer (1,3%), que sucedeu a Dilma Rousseff, é um balde de água fria para o país. Não apenas pelo número em si, mas pela frustração de uma expectativa gigantesca.
Com a reforma trabalhista feita e a Petrobras organizada por Temer, coube ao governo Bolsonaro aprovar a reforma da Previdência, também articulada por seu antecessor. A promessa de crescimento sempre esteve no centro da defesa quando se falava em modificar leis trabalhistas e previdenciárias.
Mesmo que ainda seja cedo para medir, na totalidade, os efeitos das mudanças aprovadas pelo Congresso, todos esperavam mais. Outro foco de decepção vem de um dos indicativos mais importantes quando se fala em economia. O índice de desemprego caiu, mas pouco. Ainda há 11,6 milhões de desempregados no Brasil. Quando o governo Dilma agonizava, eram 12 milhões.
O certo é que, daqui para frente, com a epidemia de coronavírus chegando ao Brassil e impondo perdes às grandes economias do planeta, as perspectivas de crescimento ficam prejudicadas. Mas nunca Bolsonaro ou Guedes vincularam a retomada de um crescimento consistente a condições ideais de vento, pressão e temperatura. Bater pênalti sem goleiro, até eu. Sempre haverá sobressaltos.
Depois da divulgação do PIBinho, Paulo Guedes murchou. Mostrou não ser tão imprescindível assim, embora seja prematuro falar em queda. Se fosse o contrário, se o PIB estivesse decolando, seria a consagração. Logo, não há motivos para botar a culpa na má vontade da imprensa ou em uma conspiração petista.
É como disse uma vez o publicitário Nizan Guanaes. “Não é inteligente torcer contra o piloto do avião no qual estou dentro”. Faltou gasolina? É só parar no posto, aquele onde a gente pergunta e sempre tem alguém para responder.