A coleção é interminável e recebe a cada dia novas declarações inoportunas, equivocadas e agressivas. Apesar disso, Jair Bolsonaro desponta como favorito para 2022, quando disputará a reeleição.
Se engana quem pensa que a popularidade do presidente é resultado do que ele diz. De fato, os apoiadores do ex-capitão do Exército que chegou ao Planalto conseguiram uma espécie de ferrolho contra as asneiras disparadas pelo ídolo.
A estratégia é simples e rasteira, mas funciona. Em vez de debater argumentos e admitir os excessos, basta rotular os críticos de esquerdopatas, comunistas, petralhas ou esquerdalhas, mesmo que não sejam. Pronto. O exército de papagaios digitais sai por aí a repetir, tantas vezes até que se pareça com a verdade.
A mesma polarização que garantiu a vitória nas urnas serve de analgésico para a falta de educação e os flertes autoritários de Bolsonaro. Não interessa o que ele diz, mas sim que qualquer contestação é parte de um complô chefiado por Lula, Fidel Castro e Hugo Chávez (in memoriam).
Para sorte do Brasil, o governo é, em algumas áreas, bem melhor do que seu presidente. Seja na economia, em ações de combate ao crime ou na digitalização de serviços, Brasília dá sinais de que nem tudo está perdido.
Bolsonaro não é só erros. O presidente tem seus méritos, mas os soterra cada vez que ofende e agride quem o contesta — para o delírio de um círculo íntimo movido pela paranoia crônica.
Sinceridade sem boa educação nada mais é do que grosseria. Assim como acontece com setores da esquerda, existe também a direita burra, radical e destrutiva. Aliás, ambas são muito parecidas.