Nos quatro dias em que esteve preso, o ex-presidente Michel Temer escreveu um diário. São cerca 80 páginas com a rotina da cadeia e com uma forte carga emotiva. Passados 20 dias do episódio, Temer qualifica a experiência como "extremamente dolorosa" e lista os motivos da sua indignação. "Pelo fato em si, pela injustiça e pela arbitrariedade".
Daí surgiu a inspiração para o nome do livro: Memórias do Arbítrio.
Em uma conversa com a coluna, o ex-presidente revelou que jamais temeu ficar muito tempo atrás das grades. "Confio na Justiça", declarou. "Quando a questão sai da esfera essencialmente política e entra na jurídica, não há como justificar a minha prisão", completa.
No dia 21 de março, Michel Temer foi preso preventivamente por ordem do juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio de Janeiro, sob a acusação de liderar uma organização criminosa para desviar dinheiro público. Três dias depois, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região mandou soltá-lo.
O ex-presidente ressalta que não seria incomum, depois de deixar o cargo, se tivesse se ausentado do país para uma período de descanso. "Fiquei aqui, entre a minha casa e o escritório", explica. "Pediram a quebra do meu sigilo e não encontraram nada. Não há sequer uma prova contra mim", completa.