O Instituto Penal Irmão Miguel Dario, na Agronomia, bateu um recorde inacreditável. Tem 84 vagas mas, nos últimos dez meses, registrou 278 fugas. Esse exemplo retrata com precisão o colapso do que deveria ser um dos elos mais importantes da ressocialização dos presidiários, o momento em que eles começariam a ser reinseridos de fato na sociedade.
O fenômeno tem algumas causas bem definidas. Um delas são as constantes especulações sobre a extinção dessa etapa da progressão do regime de cumprimento pena, o que desestimula os investimentos. Hoje, de fato, o contingente do semiaberto é composto por condenados que estavam com tornozeleiras eletrônicas, mas as arrancaram e foram recapturados.
Olhando para os últimos 20 meses, chega-se ao assombroso número de 2,3 mil fugas do semiaberto, só em Porto Alegre. Enquanto o regime fechado, que também enfrenta graves problemas, teve cerca de 5 mil novas vagas criadas nos últimos dois governos, o semiaberto virou o patinho feio de um sistema à beira do colapso.