As relações entre presidente eleito e vice voltaram a azedar. Já não eram as melhores. Na campanha, Hamilton Mourão foi desautorizado por Jair Bolsonaro quando falou em autogolpe e em Constituinte de notáveis. Desde então, eles quase não foram vistos juntos.
Agora, o ponto de atrito é a divisão de espaços dentro do governo. Mourão, até o momento, tem nenhum. Não ficou com a coordenação dos Ministérios, como chegou a ser especulado, nem com qualquer outra atribuição prática.
Um tuíte postado por Carlos Bolsonaro expôs o que era, até agora, uma tensão sutil. O filho do presidente eleito postou que a morte do pai " não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto. Principalmente após sua posse”. Nem precisa ser bom entendedor para compreender o endereço do recado.
Bolsonaro erra com Mourão por três motivos. O primeiro, é que conhecia bem o perfil do vice antes de convidá-lo para a chapa. Mourão tem voz forte, preparo e liderança. Segundo, porque deixar o vice sem uma ocupação é temerário. E terceiro, Mourão poderia contribuir efetivamente para o bom funcionamento do governo. Isso sem falar na deselegância da postagem sobre conspiração e assassinato.
Mesmo antes da posse, o que era uma fissura vai se transformando em abismo. Ruim para o governo, pior ainda para o país.