Ninguém vai mudar de ideia, seja qual for o resultado. Quem acredita na inocência de Lula, continuará acreditando. Os que não acreditam, seguirão com a certeza da culpa. Recorro mais uma vez à metáfora do futebol: o placar da partida pouco dirá à sólida convicção da massa apaixonada. A justiça da vitória é anterior ao pontapé inicial e o empate, mesmo que impossível, valeria como derrota.
A abrangência do julgamento, no imaginário popular, vai muito além de um triplex cedido ao ex-presidente. Pouco importa o real limite do que será analisado pelo TRF. De fato, tudo é infinitamente amplo.
O apartamento no Guarujá é o mais falado. Mas, na simbologia que transborda do Direito objetivo, nada sintetiza melhor o real embate do que o depósito usado por Lula e, de acordo com a acusação, pago por uma empreiteira. Quase ninguém lembra que ele faz parte do processo. Um depósito muito maior do que seus metros quadrados, cheio de presentes e bugigangas, abarrotado de décadas de história do PT e de Lula. Os votos dos três juízes falarão também sobre outras coisas. Mas é só o depósito, repleto de narrativas opostas, memórias conflitantes, fantasmas, frustrações, nostalgias e esperanças, é só o depósito que realmente importa.