Se existe uma legislação que deveria ser consolidada, simples e transparente, é a eleitoral. Cubro eleições há mais de 20 anos. Não lembro de ter passado por duas consecutivas com regras iguais. Dos financiamentos às coligações, das prestações de contas ao tempo da propaganda. A cada dois anos, algo muda.
Nessa semana, o Congresso se superou. Aprovou o fim as coligações nas eleições proporcionais. Para daqui a três anos. Ou seja, nem sabemos como será 2018, mas sabemos que será diferente a partir de 2020.
Se as alterações ainda trouxessem algum benefício claro para o processo, seriam aceitáveis. Jamais vi o Congresso aprovar algum texto que não favorecesse, em primeiro lugar, seus próprios integrantes. Nesses mais de 20 anos, a medida moralizadora mais eficaz na vida pública nacional veio do Judiciário, não do Legislativo.
Quando seria razoável pensar em financiamentos públicos das campanhas, o Congresso desprezava o assunto. O dinheiro da corrupção era abundante. Agora que acabou a festa, boa parte dos parlamentares, subitamente, começou a defender que nosso dinheiro sirva, mais uma vez, a eles. É muita cara de pau. Usam argumentos como "igualdade de condições da disputa". Uma tese correta, mas oportunista e desonesta, pelo contexto em que surge.
Estamos a um ano das próximas eleições. E não temos certeza de como elas acontecerão. Esse sim, é um sinal perigoso. Lei eleitoral serve para e preservar os interesses dos eleitores e da democracia, não daqueles que querem se eleger. Brasília é surda, muda e cega quando lhe convém. Só não é burra. Mas acha que nós somos.