Cartaz da Tela Quente nesta segunda-feira (8), às 23h45min, na RBS TV, Creed II (2018) marca a despedida de um lendário personagem do cinema: Rocky Balboa, um símbolo da volta por cima, interpretado em oito filmes pelo ator Sylvester Stallone, 75 anos.
O pugilista surgiu em Rocky, um Lutador (1976), que ganhou três Oscar — melhor filme, diretor (John G. Avildsen) e edição — e concorreu a outros sete, incluindo ator, atriz (Talia Shire), roteiro original (escrito pelo próprio Stallone), ator coadjuvante (com dois indicados, Burgess Meredith e Burt Young), e canção, a empolgante Gonna Fly Now. Quem nunca se imaginou, diante de um desafio, subindo os degraus de pedra do Museu de Arte da Filadélfia, como Rocky Balboa, ao som daquela música composta por Bill Conti, Carol Connors e Ayn Robbins?
A franquia Rocky, que originou a trilogia Creed — o terceiro segmento está previsto para 2022 —, reúne os elementos que fazem do ringue um cenário por excelência para histórias de superação e dramas de ascensão e queda. Os filmes de boxe costumam focar em personagens que travam não apenas uma luta física (o que é suficiente para render cenas de ação cruas e realistas ou, pelo contrário, inventivas e até poéticas), mas também uma luta psicológica. É um duelo em que só pode haver um ganhador, mas que permite ao perdedor a segunda chance, tema mítico nos Estados Unidos, um país que nasceu de uma segunda chance: a dos pobres e degradados britânicos que partiram para a América no século 17.
Stallone lutou em seis longas. Aposentou as luvas em Rocky Balboa (2006), que ele mesmo escreveu e dirigiu. Na trama, o personagem toca a vida como dono de restaurante, batizado de Adrian's em homenagem a sua falecida esposa. Quando um programa de TV simula um combate entre ele e o campeão dos pesos-pesados Mason Dixon (inspirado em Mike Tyson e encarnado por um pugilista de verdade, Antonio Tarver), Rocky tem a chance de voltar ao ringue e, de quebra, reconquistar o respeito do filho.
Em Creed: Nascido para Lutar (2015), de Ryan Coogler, Balboa agora é um treinador. Seu bom humor contrasta com a seriedade de Adonis Johnson (interpretado por Michael B. Jordan), filho de Apollo Creed, célebre adversário de Rocky que morreu na luta contra o soviético Ivan Drago em Rocky IV (1985). Creed arrecadou US$ 174 milhões (quase cinco vezes mais do que custou), fez de Stallone, indicado ao Oscar de coadjuvante, o sétimo ator na história a disputar a estatueta pelo mesmo personagem e alçou Jordan ao estrelato.
Com direção de Steven Caple Jr., Creed II retoma o duelo de Rocky IV, agora sem o contexto da Guerra Fria. O que pesa, duplamente, é a relação entre pai e filho. O modo como os filhos buscam honrar o legado dos pais, o modo como os pais buscam, por meio dos filhos, algum tipo de redenção.
No filme, Adonis Creed, campeão mundial dos pesos-pesados e noivo da cantora Bianca (Tessa Thompson), tem seu mundo virado de ponta-cabeça quando é desafiado por Viktor Drago (Florian Munteanu), filho de Ivan Drago, forte e de poucas palavras. Trata-se de uma revanche para ambos os lados: Creed quer vingar a morte do pai, Ivan Drago entende a luta como uma chance de reabilitar o sobrenome.