O Oscar de melhor documentário ganhou atenção especial do público brasileiro no ano passado, quando Democracia em Vertigem, da diretora Petra Costa, concorreu (o filme sobre a turbulência política no país desde o impeachment de Dilma Rousseff até a eleição de Jair Bolsonaro foi derrotado por Indústria Americana).
Nesta quinta-feira (7), o site da centenária revista Variety, com sede em Los Angeles, atualizou sua lista de apostas para a disputa da categoria em 2021. Entre os 25 títulos destacados e os mais de 50 apenas citados, não há representantes do Brasil — nem mesmo Babenco — Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, nosso escolhido para tentar uma vaga na premiação para melhor filme internacional.
Se serve de consolo, pelo menos 12 documentários já podem ser vistos por aqui, em plataformas de streaming como Amazon Prime Video e Netflix, incluindo os dois primeiros colocados do ranking e mais quatro do top 10. Sobre alguns, eu já escrevi colunas (clique nos links), sobre outros, falarei em breve.
As Mortes de Dick Johnson (1º na lista) — Ao homenagear em vida seu pai, um octogenário que começa a apresentar os sinais do Alzheimer, a documentarista Kirsten Johnson também celebra o ofício do cinema, capaz de eternizar as coisas e as pessoas, e capaz também de matar sem matar. (Netflix)
Até o Fim: A Luta pela Democracia (2º) — As diretoras Lisa Cortés e Liz Garbus analisam a história e o ativismo contra a supressão de eleitores — especialmente os negros, os nativo-americanos e os latinos — nos Estados Unidos. (Amazon Prime Video)
Time (5º) — De forma poética e não linear, com o uso de muitos vídeos caseiros, a diretora Garrett Bradley documenta a luta de uma mulher negra para tirar da cadeia seu marido e o pai de seus quatro filhos, condenado a 60 anos de prisão. (Amazon Prime Video)
Welcome to Chechnya (6º) — Premiado nos festivais de Berlim, Sundance e São Paulo, faz uma denúncia sobre a violenta perseguição à população LGBT+ na Rússia. A direção é de David France. (Apple TV, Now, Google Play e YouTube)
Boys State (7º) — Os diretores Amanda McBaine e Jesse Moss contam a história de um grupo de adolescentes americanos que se unem para simular um governo representativo. (Apple TV)
Crip Camp: Revolução pela Inclusão (8º) — Os diretores James Lebrecht (ele próprio nascido com espinha bífida) e Nicole Newnham recuperam o cotidiano de um acampamento de verão onde, no início dos anos 1970, sob supervisão de hippies, adolescentes com deficiência física ou mental plantaram as sementes da luta por um mundo mais inclusivo. Barack e Michelle Obama são produtores executivos. (Netflix)
Atleta A (16º) — Os diretores Bonni Cohen e Jon Shenk reconstituem os casos de abuso sexual cometidos pelo médico Larry Nassar contra centenas de ginastas americanas, incluindo medalhistas olímpicas, e acobertados pela federação do esporte. (Netflix)
Professor Polvo (24º) — A história de aproximação entre um documentarista sul-africano, Craig Foster, e um Octopus vulgaris é acompanhada de muito perto pelos diretores Pippa Ehrlich e James Reed. (Netflix)
Não ranqueados
Disclosure — Personalidades como Laverne Cox (da série Orange Is the New Black) e Jaye Davidson (do filme Traídos pelo Desejo) avaliam o impacto de Hollywood na comunidade transgênera. Direção de Sam Feder. (Netflix)
Vozes que Inspiram — Seis estudantes de teatro negros encaram testes para a competição de monólogos com textos do dramaturgo August Wilson (o mesmo de A Voz Suprema do Blues). Tem direção de James D. Stern e Fernando Villena e participação dos astros Viola Davis e Denzel Washington. (Netflix)
Pai, Filho, Pátria — Depois de ser gravemente ferido no Afeganistão, um pai embarca com os filhos em uma jornada de sacrifícios em busca de redenção. (Netflix)
O Dilema das Redes — O diretor Jeff Orlowski mostra o lado nocivo de plataformas como Facebook, Google, Twitter, YouTube e Instagram e aponta efeitos globais de comportamentos pessoais. (Netflix)