Não foi desta vez: representante do Brasil no Oscar, Democracia em Vertigem não conseguiu trazer a primeira estatueta para o país. Concorrendo na categoria de melhor documentário, o longa de Petra Costa foi superado por Indústria Americana.
Realizado pela Higher Ground, primeira produção da empresa criada por Barack e Michelle Obama, o documentário registra as atividades de americanos e chineses em uma fábrica de vidros para automóveis em Dayton, Ohio. O que se vê é um contraste da cultura americana trabalhista com a disciplina militar e situações precárias promovidas pela empresa da China. Com direção de Steven Bognar e Julia Reichert, está disponível na Netflix.
Em seu discurso, Julia parabenizou a coragem de quem realiza documentários e referenciou um dos trechos mais famosos do livro Manifesto Comunista ("Trabalhadores do mundo, uni-vos"), de Karl Marx e Friedrich Engels:
– Os trabalhadores têm cada vez mais dificuldade nos dias de hoje. As coisas vão melhorar quando os trabalhadores do mundo se unirem.
Já Democracia em Vertigem é marcado pelo tom intimista da narração da cineasta com imagens de bastidores, o longa mostra o ponto de vista de Petra sobre a turbulência política brasileira dos últimos anos: atravessa pelos anos de governo petista e chega aos protestos de junho de 2013; o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016; a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2018; e a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência.
Neta de Gabriel Donato de Andrade, um dos fundadores da Andrade Gutierrez, a diretora também expõe passagens de sua trajetória e de seus pais, que foram militantes de esquerda durante a ditadura militar.
Além de Democracia em Vertigem e Indústria Americana, concorriam na categoria de melhor documentário For Sama, American Factory, The Cave e Honeyland.