O Dia Mundial da Luta Contra a Aids será nesta terça-feira, 1º de dezembro. A data foi instituída em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para incentivar a solidariedade, a tolerância e a compaixão com pessoas infectadas pelo vírus HIV. Naquela época, vale lembrar, o diagnóstico equivalia a uma sentença de morte, e os pacientes eram estigmatizados — havia quem se referisse à doença como o "câncer gay", pela suposição, equivocada, de que só acometia homossexuais.
O cinema teve papel importante na derrubada de mitos, na conscientização sobre a aids e no desenvolvimento da empatia em relação às pessoas com HIV. Ainda mais que filmes sobre o tema costumam ganhar visibilidade no Oscar ou no Emmy. Aqui está uma lista com 12 títulos para assistir nesta terça (ou lamentar que não estejam disponíveis em plataformas de streaming e canais de TV).
Parting Glaces — Olhares de Despedida (1986)
Filmado em 1984 por Bill Sherwood e lançado em 1986, com Steve Buscemi no elenco, foi pioneiro na abordagem da aids e do clima de apreensão na comunidade gay.
Meu Querido Companheiro (1989)
No começo dos anos 1980, amigos gays lidam com as primeiras perdas provocadas pela doença. Dirigido por Norman René, foi o primeiro filme sobre aids e homofobia a receber amplo lançamento nos cinemas. O elenco reúne Bruce Davison (indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante), Dermot Mulroney, Campbell Scott e Mary-Louise Parker.
Caminhos Cruzados (1989)
Ganhador do Oscar de melhor documentário, o filme de Rob Epstein e Jeffrey Friedman retrata cinco histórias de pessoas que morreram por conta da doença e que foram homenageadas no Aids Memorial Quilt, uma colcha de retalhos quilométrica apresentada no passeio nacional em Washington.
E a Vida Continua (1993)
Estrelado por Matthew Modine, Richard Gere, Alan Alda, Ian McKellen, Anjelica Huston e o músico Phil Collins, o telefilme de Roger Spottiswoode destaca a descoberta do vírus HIV e o pânico que marcou os anos iniciais da pandemia. Ganhou o Emmy.
Filadélfia (1993)
Assinado por Jonathan Demme, foi o primeiro filme sobre aids a ganhar projeção. Tom Hanks venceu o Oscar como um advogado gay que é demitido de uma firma prestigiada por estar doente. Denzel Washington interpreta o advogado homofóbico que vai levar seu caso ao tribunal. Também levou o Oscar de melhor canção — Streets of Philadelphia, de Bruce Springsteen, que tinha entre os concorrentes outra música do filme, Philadelphia, de Neil Young. Disponível no Google Play e no YouTube.
Cazuza: O Tempo Não Para (2004)
Cinebiografia do cantor e compositor brasileiro, do início da carreira, em 1981, com a banda Barão Vermelho, à morte em decorrência da aids, em 1990, aos 32 anos. Dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho e protagonizado por Daniel de Oliveira, o filme sobre Cazuza conquistou mais de 20 prêmios e atraiu 3 milhões de espectadores aos cinemas. Disponível no Amazon Prime Video, no Google Play e no YouTube.
Clube de Compras Dallas (2013)
Em 1985, o resultado positivo para o vírus HIV era uma sentença de morte. O americano Ron Woodroof, um típico caubói machão e homofóbico, foi informado de que teria 30 dias de vida.
Graças a tratamentos pioneiros, Woodrof durou mais sete anos, perseverança retratada no drama dirigido pelo canadense Jean-Marc Vallé, do ótimo C.R.A.Z.Y. Clube de Compras Dallas recebeu três Oscar — melhor ator (Matthew McConaughey), ator coadjuvante (Jared Leto, como Rayon, personagem travesti) e maquiagem — e concorreu a outros três, incluindo melhor filme. Disponível no Google Play e no YouTube.
Fogo nas Veias (2013)
Documentário de Dylan Mohan Gray sobre um grupo de pessoas que, desde 1996, reage a governos e empresas farmacêuticas que bloqueiam o acesso a medicamentos de baixo custo a países em desenvolvimento. Disponível na Netflix.
The Normal Heart (2014)
Criador das séries Glee, American Horror Story e Ratched, Ryan Murphy dirige este telefilme ambientado na Nova York dos anos 1980. Vários ativistas gays e aliados lutam para contar a verdade sobre a epidemia para um país que se recusa a enxergar os fatos. Ganhou o Emmy e é estrelado por Jim Parsons (o Sheldon do seriado cômico The Big Bang Theory), Matt Bomer, Mark Ruffalo e Julia Roberts.
Holding the Man (2015)
Elogiado pela crítica (tem 81% de aprovação no Rotten Tomatoes), este drama australiano de Neil Armfield dramatiza a história real de Timothy Conigray (interpretado por Ryan Corr) e John Caleo (Craig Scott), que começaram a namorar no Ensino Médio, na década de 1970. Entre os coadjuvantes, estão Guy Pearce, Geoffrey Rush, Anthony LaPaglia e Kerry Fox. Disponível na Netflix.
120 Batimentos por Minuto (2017)
Na França dos anos 1990, o grupo ativista Act Up se esforça para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento da aids. O filme de Robin Campillo traz no elenco Nahuel Pérez Biscayart e Adèle Haenel (de Retrato de uma Jovem em Chamas). Ganhou o prêmio especial do júri e a Palma Queer no Festival de Cannes e seis troféus César, o principal do cinema francês. Disponível no Google Play e no YouTube.
Carta para Além dos Muros (2019)
Documentário de André Canto sobre a trajetória da aids no Brasil, recuperada por meio de entrevistas com médicos, pacientes e ativistas — de Drauzio Varella a Lucinha Araújo, a mãe de Cazuza —, além de rico material de arquivo. Disponível na Netflix.