Cada plano de Retrato de uma Jovem em Chamas é como um quadro que revela o talento de seu ou sua artista para a composição da cena, a expressividade dos personagens, o contraste das cores (ou dos significados), a indução de um sentimento. Essa aproximação estética com a pintura não torna o filme necessariamente estático, porém, é preciso reconhecer que, em seu início, o ritmo narrativo pode ser um obstáculo para o envolvimento do espectador. Mas também é preciso reconhecer que, com a aparente lentidão, a cineasta francesa Céline Sciamma espelha o próprio processo de pintar um quadro. Isso é sugerido nos créditos de abertura: uma tela em branco que aos poucos vai recebendo pinceladas, como a nos avisar, a nos lembrar, que uma obra de arte – ou um romance entre duas pessoas – não nasce pronto; requer camadas e mais camadas de tintas e de emoções, até que nos conquiste por completo, nos hipnotize de tal forma que nos convertemos em dependentes de contemplá-la.
Em cartaz
"Retrato de uma Jovem em Chamas" é uma pintura de filme
Romance entre uma artista e sua musa recebeu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes e concorreu ao Globo de Ouro