Não poderia ser sem outra aventura inusitada a chegada do casal Ale & Duda ao Alasca, em junho. Na estrada a bordo de um motor home desde 29 de janeiro de 2020, o gaúcho Alessandro De Franceschi, 38 anos, e a capixaba Maria Eduarda Cardoso, 30, aportarão em Ancorage, a maior cidade do mais extremo Estado norte-americano, para correr uma maratona pela primeira vez.
Teve muitas primeiras vezes o projeto GetOutside, criado pelo casal para ir de Ushuaia ao Alasca e sobre a qual você já leu na coluna. E muitos contratempos. A pandemia os alcançou quando haviam percorrido parte do Uruguai e do Chile e, já na Argentina, se preparavam para ir a Ushuaia. Com o fechamento das fronteiras, ficaram meses retraçando rotas e, quando conseguiram retornar ao Brasil, em novembro de 2020, resolveram explorar o próprio país a bordo de sua casa rodante de sete metros quadrados.
Nesse meio tempo, os advogados de formação, então namorados, decidiram se casar, em outubro de 2021. A festa reuniu não só a família, mas também seguidores das redes sociais com quem criaram laços de amizade e amigos da estrada. Sempre em movimento, desistir do objetivo nunca foi uma opção e, em abril de 2022, retomaram o roteiro original, com adaptações.
Ao invés de voltar para o sul, rumo a Ushuaia, para onde irão no final deste projeto, atingiram o norte da Argentina saindo do Brasil por Foz do Iguaçu e, a partir daí, atravessaram a América do Sul, passando pelo Deserto do Atacama, no Chile, por Bolívia, Peru, Colômbia e Equador. Para cruzar o Canal do Panamá consideraram — por economia e conveniência — despachar o motor home diretamente para os Estados Unidos. Nessa etapa, rodaram 30 mil quilômetros. E assim, só depois de esquadrinhar EUA e Canadá conhecerão os países da América Central, no retorno, nos primeiros meses de 2024. Após atingir sua meta, pretendem voltar ao Brasil no primeiro semestre do próximo ano. Missão cumprida. Até a próxima.
O que mudou em três anos
— No início, víamos um projeto com início, meio e fim. Era uma viagem, que não era de férias, mas seria um pedaço da vida. Agora, é um estilo de vida. Éramos mais turistas, hoje somos mais viajantes. Nos tornamos mais tolerantes, entendemos que a nossa visão de mundo é uma entre várias. Também temos mais delimitado o que é importante, independentemente de onde se esteja — resume Duda.
Como se sustentam
Na interação com quem os acompanha, ao vivo ou online, Ale & Duda perceberam que quem os segue ou recebe deseja fazer o que eles fizeram: largar uma vida confortável para realizar um sonho. A curiosidade maior é sobre como se sustentam na estrada.
— As pessoas têm receio de abrir mão do que têm. Muitas não sabem que é possível fazer dinheiro remotamente, acham que é um tipo de vida que só milionários conseguem viver. Mas a pandemia acelerou muito o trabalho remoto — incentiva Ale.
Ale & Duda são "embaixadores" de quatro marcas, com as quais mantêm contratos fixos e dos quais divulgam produtos e experiências, além de contar com parceiros esporádicos — no total, já trabalharam com cerca de 40 marcas/produtos. A receita principal, porém, vem de cursos sobre como viabilizar viagens (Think Outside School) e dos livros — lançaram dois e-books, Como Ganhamos Dinheiro Viajando o Mundo e Receitas Práticas do GetOutside.
Desafios físicos
A maratona (42,195km) de Ancorage não será o único desafio físico do roteiro. Foram muitos até aqui.
O principal foi escalar três montanhas com mais de 6 mil metros na Bolívia — Acotango, Parinacota e Sajama —, para o que se prepararam física e mentalmente, já que eram novatos em alta montanha. Aproveitaram para fazer uma campanha de doações com os seguidores e arrecadaram cerca de R$ 12 mil para uma ONG no Rio. Ale não conseguiu chegar ao topo do monte Sajama, por conta dos efeitos da altitude, mas Duda alcançou o cume dos três.
Volta para casa
Na estrada, a liberdade é o melhor de tudo; a saudade, o pior.
Desde que partiram pela segunda vez, em abril de 2022, voltaram para casa duas vezes — uma para o casamento de um primo de Ale, em Cachoeira do Sul (RS), e outra para o casamento da irmã de Duda, no Espírito Santo. Antes, enquanto viajavam pelo Brasil, em várias ocasiões retornaram para visitar a família.
Futuro e novos projetos
No dia 5 de junho, O GetOutside lançará um projeto chamado Comunidade Nômade, para ajudar outras pessoas a planejarem suas aventuras, seja um período sabático, um mochilão, uma viagem de motor home ou uma vida nômade sem prazo para acabar. Para o casal, o próximo roteiro deve ser a África, após uma parada no Brasil para montar um veículo novo.
Balanço parcial
Em setembro de 2021, quando foram tema da coluna, Ale & Duda tinham 110 mil seguidores no Instagram. Em meados de maio de 2023, somavam mais de 260 mil. No canal do YouTube, os inscritos são mais de 190 mil.
Por enquanto, passaram por oito países (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Peru e Uruguai), além de 21 Estados brasileiros.
Para seguir: @getoutsidebr e smartpa.ge/getoutside
