O que é possível fazer em uma viagenzinha de um turno? Muito? Pouco? Depende. Gosto demais de me demorar em uma só cidade, mas não adio um roteiro por dispor de pouco tempo. É sempre o caso quando penso na vizinha Morro Reuter, que fica a uma hora de Porto Alegre, via BR-116. Ressalvo: ficaria a uma hora, não fosse, nesse passeio que fiz, um engarrafamento e uma pane no navegador do carro que, em lugar de me levar ao interior de Morro Reuter, me transportou ao interior de Picada Café, mas nenhum centímetro de trajeto me pareceu desperdiçado.
O objetivo era um lugar desconhecido para mim — a Oripacha Cervejaria Pomar. Além das falhas da tecnologia, não segui meus instintos virginianos e não liguei para reservar. Como interiorana, ainda ignorei o fato de que, quando há uma festa tradicional na cidade, tudo se volta para ela. Nesse dia, todos, incluindo o pessoal da Oripacha, estavam na Festa Nacional da Lavanda, para onde eu planejava ir depois de experimentar a cerveja.
Bom, não vou gastar mais espaço com minhas trapalhadas: queria dizer que, entre 11h30min de um sábado, quando saí de Porto Alegre, e 19h30min, quando já estava de volta, depois de me perder, participei da festa (com direito a lanche, chopp na banca da cervejaria, passeio e compra de lavanda fresquinha ao som de bandinhas tradicionais), ainda deu para visitar o novo atelier da Anelise Bredow, tomar café com apfelstrudel na Cafeteria Aleff, fazer uma nova visita ao Caminho das Serpentes e encerrar a tarde com um chá de maçã na Edelweis. Há muito mais a se fazer nessa cidade rica em atrações (no seu mapa turístico estão listadas mais de 50, entre gastronômicas, de arte, artesanato etc) e tão perto da Capital. Vai aqui só o registro do que fiz nesse dia:
Para comer apfelstrudel — Se sua intenção for comer o famoso doce alemão, não cometa o mesmo erro que eu: vá com fome. É que a porção é enorme e ainda vem acompanhada de sorvete. Só consegui vencer metade e ainda sem sorvete, com um tantinho de chantily. Há doces embalados para levar para casa. O apfelstrudel visto na foto acima é servido no Strudel Café & Chocolate (na BR-116, km 216, 7500). Especializado na iguaria, o Strudel também revende seus doces para pelo menos seis estabelecimentos parceiros, incluindo a Cafeteria Aleff, também em Morro Reuter (Km 215, 2478).
Atelier De Cerâmica Anelise Bredow — Basta cruzar a rodovia para chegar ao atelier da artista que mudou de endereço em meados de outubro para uma casa igualmente charmosa, ainda na BR-116 (Km 216, 1455). Não só o local trocou. Anelise agora oferece peças menores, delicadas, que podem ser aromatizadas com lavanda. O atelier continua charmoso e a artista recebe com a mesma simpatia — o gato que circula cuidadoso entre as peças ainda estava em fase de adaptação! Funciona de terça a domingo, das 10h às 18h.
Caminho das Serpentes Encantadas — O parque criado pela artista plástica Cláudia Sperb já soma 25 anos e é bom voltar e ver que segue igual, mas diferente. Sempre tem mais uma obra em mosaico ou um novo espaço, fechado ou ao ar livre. É um paraíso para crianças (e adultos), com brinquedoteca, biblioteca e muitas obras ao ar livre para interagir. Também funciona como pousada e, novidade para mim, oferece cestas de piquenique.
O ingresso custa R$ 25, com meia-entrada para estudantes e 60+ — crianças de quatro a 10 anos pagam R$ 10. Abre aos sábados, domingos e feriados. O piquenique precisa ser reservado em @cestadoparque e, além das delícias, a vista para o vale servirá de alimento. Fica na VRS-873 Km 2, 2280.
Edelweis — A comilança do dia havia sido grande e o pôr do sol chegava, então não poderia encarar o tradicional apfelstrudel nessa loja de antiguidades e cafeteria, que fica bem próximo do Caminho das Serpentes, mas não poderia dispensar seu gostoso chá de maçã. Vale ainda que só para entrar, conhecer e apreciar a vista da varanda, enquanto os gatos da casa se aninham em espaços inusitados.
Oripacha Cervejaria Pomar — Como mencionei no início, um dos meus objetivos ao ir até Morro Reuter era conhecer a cervejaria, que nesse dia estava fechada para participar da Festa da Lavanda. Só deu para chegar ao portão, mas provei (e aprovei) a cerveja na festa. Abre nos finais de semana, tem oito tipos de cerveja, cardápio de petiscos e sobremesas e uma área ao ar livre enorme (isso eu consegui ver!). Fica na Rua Duque de Caxias, 1150, Bürkenthal.
Agenda
Em Lajeado — Um espaço importante está reservado para o turismo na Expovale + Construmóbil, de 10 a 15 e de 17 a 20 de novembro, no Parque do Imigrante, em Lajeado. Na Avenida do Turismo, cidades do Vale do Taquari divulgarão seus atrativos e roteiros de forma lúdica e interativa e se revezarão para mostrar a forma como recebem os visitantes. No dia 11, um painel também discutirá políticas públicas e o ecossistema do turismo. Numa inédita edição conjunta, as duas feiras comemoram o centenário da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), promotora do evento junto com a prefeitura de Lajeado.
Guias digitais — Durante o Festuris, que ocorreu entre os dias 3 e 6 em Gramado, a Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars), em parceria com Sebrae e Sicredi, lançou um guia digital sobre o Vale Germânico (bit.ly/guiavalegermanico). Com 52 páginas, ele traz dicas de roteiros e passeios por 13 municípios da região. O guia tem a assinatura da jornalista Anelise Zanoni, que lançou outras duas revistas digitais no evento: o Guia da Costa Doce (bit.ly/guiacostadoce) e o Guia Atlanta para Brasileiros (bit.ly/GuiaAtlanta).
Na Feira do Livro de Porto Alegre — Na Praça da Alfândega, uma boa diversão pode ser garimpar obras de literatura de viagem. Entre os livros autografados, está Um Lugar na Janela 3, crônicas de viagens de Martha Medeiros, da L&PM. As andanças descritas por Martha por Europa, América do Sul, Amazonas, Rio e o Pampa gaúcho ocorreram antes da pandemia e, durante o confinamento, ela embarcou “nas memórias de viagens passadas” para construir os textos. E nesta terça (8), às 18h, ali perto da Feira, a bordo do Cisne Branco (Av. Mauá, 1050), Helena Beatriz Juenemann autografa Viagens à Luz do Divã.