É desde Malta, arquipélago no Mediterrâneo, que Babi Braz fala sobre um projeto que a fez mudar de vida. A gaúcha de 32 anos pesquisava aquele país europeu para incluí-lo como o terceiro destino na startup fundada por ela, a Let's Bora. Nascida em Palmares do Sul, graduada em Design de Moda, com especialização em Comunicação e MBA em Marketing, Babi atuava há mais de uma década em grandes empresas quando decidiu ganhar o mundo, literalmente. Em outubro de 2019, já acalentava uma mudança de carreira ao fazer intercâmbio na África do Sul, pensando em melhorar a fluência em inglês para um novo e ainda desconhecido passo.
— Quando comecei a pensar em intercâmbio, mirava EUA ou Canadá. Ao optar pela África do Sul, não tinha ideia do destino. Comecei a pesquisar e identificar feedbacks muito positivos, de CEOs a hippies. Como poderia agradar a pessoas tão diferentes?
Foi como intercambista que teve o insight de criar uma plataforma para ajudar gente que vivesse um momento parecido ao seu. Ainda que temerosa em empreender, retornou ao Brasil, pesquisou mais e voltou à África do Sul em janeiro de 2020, já com um plano de negócio e o lançamento da plataforma previsto para 31 de março daquele ano. Quando a pandemia fechou as fronteiras, juntou-se a cerca de 200 brasileiros que aguardavam pela repatriação em um hotel de Joanesburgo. De novo no Brasil, seguiu firme com sua ideia e, mesmo com o cenário adverso e as restrições de então, a Let's Bora nasceria em agosto de 2020.
— Já existia antes da pandemia uma demanda por experiências e conexões reais, por olhar para onde nunca se olhou. Isso só cresceu. Lançamos a plataforma sem vender nenhum roteiro, trazíamos só uma mensagem de que aquele momento difícil não seria para sempre e a mensagem foi bem recebida — avalia.
Para os futuros intercambistas, ela projetava algo diferente do que teve: queria mais informação, mais opções de moradias que não a tradicional "casa de família", mais flexibilidade, queria poder ajudá-las a alcançar objetivos e expectativas próprios.
Babi apoia-se em dados da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) para traçar perfis e produtos: quase 70% dos intercambistas são mulheres e aqueles com mais de 30 anos, que triplicaram nos últimos cinco anos, já somam 30% do público. No momento em que o domínio de um segundo idioma deixou de ser um luxo para ser essencial, no Brasil, segundo ela, apenas 1% da população é fluente em inglês. Mas não é só o aprendizado do idioma que atrai:
— A troca cultural é importante e melhor ainda se tiver a ver com o teu momento de vida. Numa viagem a gente se abre pra experiências que não teria em outras circunstâncias.
A proposta do pessoal da Let's Bora, antes de divulgar um destino, é vivenciar e entender o lugar, o que vai desde o funcionamento da internet e do transporte até particularidades da cultura local. Se a pessoa está insegura, por exemplo, tenta proporcionar hospedagem em guest houses de brasileiros que já vivem há algum tempo no lugar.
— Por medo, muita gente deixa de ir. Queremos entender o que cada um precisa. Há quem vá para o intercâmbio sem nunca ter saído do Brasil ou nunca ter viajado de avião — observa Babi.
A plataforma, 100% digital, hoje tem um time interno de três pessoas e externo de oito. Os parceiros comerciais, mais de 50, incluem pequenos e médios negócios locais para que o viajante tenha acesso a experiências exclusivas e contribua com a comunidade, além de instituições de ensino e serviços como companhias aéreas e de seguro.
Os destinos: África do Sul, Malta e México
O público
Entre quem procurou a startup até agora, 95% são mulheres, e o perfil se completa assim:
- Jovens de 22 a 28 anos que buscam o intercâmbio como sua primeira viagem internacional, nas férias do trabalho ou universidade.
- Mulheres de 28 a 36 anos, com carreiras sólidas, que querem dar um próximo passo em sua trajetória profissional.
- Homens e mulheres com mais de 45 anos que não tiveram a oportunidade de embarcar em um intercâmbio na juventude.
Informações: letsborabr.com e instagram.com/letsborabr
Mudança de rota
Foi só aos 40 anos que a psicóloga porto-alegrense Cristina Pacheco fez seu primeiro intercâmbio. Ela já havia visitado a África do sul como turista, mas vinha acalentando a ideia de melhorar seu nível de inglês, algo que a incomodava, e, quem sabe, "mudar de rota" em um período sabático. Com a ajuda da Let's Bora, passou dois períodos na África do Sul, num total de oito meses. Na escola onde estudou, na Cidade do Cabo, havia pessoas mais jovens e mais velhas do que ela, que não sentiu nenhum preconceito em relação à idade. Seu inglês, antes intermediário, "mas muito travado", deslanchou:
— Ainda não é como gostaria, mas me comunico com fluência. Nada se compara a estar no país em que se fala o idioma e se dedicar ao aprendizado. O povo lá é muito acolhedor e se esforça para te entender.
Além de ter alavancado o conhecimento da língua, ganhou coragem para, atuando como psicóloga, tornar-se uma nômade digital — já passou por Bali (Indonésia), Singapura e Rio de Janeiro — e, após anos trabalhando em recursos humanos, voltou-se para a clínica:
— Virar nômade digital foi uma consequência linda, mas o principal ganho foi poder viver outras culturas, fugir da rota que era esperada e ganhar o mundo. Foi libertador.
Ainda Morro Reuter
Na semana passada, fiz uma confusão publicando o nome de uma cafeteria parceira, a Aleff, em lugar de indicar o nome do Strudel Café & Chocolate (na BR-116, km 216, 7500, em Morro Reuter), onde é produzido o strudel trançado de maçã com nozes que aparece na foto. É delicioso e pode ser pedido com sorvete ou apenas chantilly, como eu fiz. A Strudel revende seus doces para seis parceiros. Em Porto Alegre, podem ser encontrados na Chocólatras do Iguatemi, na Viña del Mar (Av. Berlim, 835) e na Brot Wein R. Félix da Cunha, 715).
Retratos no Mercado de Rio Grande
Dois fotógrafos amigos, ambos com gosto por viagens, estão em exposição com Retratos de um Mercado, em Rio Grande, no sul do Estado. Felipe Dumont e Thierry Rios — que já publicaram livros e fizeram outras exposições em conjunto — se uniram de novo para, ao longo de dois meses, usar uma banca desocupada no mercado como estúdio para fotografar personagens e frequentadores do local histórico. O resultado são 40 imagens em preto e branco que ficam em exposição até o final do ano, no horário de funcionamento do mercado.
Aventura e contato com a natureza
A próxima edição do Projeto Amparo da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) apresenta um passeio pelo Pantanal, com destaque para Bonito, famosa pelos rios de águas cristalinas e roteiros para observação de animais silvestres. "Pantanal e Bonito em um safári brasileiro" será apresentada por Fernanda Morassutti, curadora de viagens, sócia-fundadora da agência Casamundi Turismo. Gratuito, dia 21/11, às 17h, na sede da Amrigs (Av. Ipiranga, 5.311, na Capital). Confirmar presença pelo (51) 3014-2025 ou csa@amrigs.org.br.