A primeira viagem internacional de Henrique Pfeifer Portanova, 43 anos, com o filho Lorenzo, em 2015, teve um destino óbvio se considerado o público infantil, mas ensejava uma novidade na forma de viajar do analista judiciário do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RS). No ano anterior, ele emitiu a passagem para visitar os parques da Disney, nos EUA, para os dois e para a esposa, a jornalista Rossana Gradaschi, usando apenas pontos acumulados em programas de milhagem.
De lá para cá, mesmo com as interrupções causadas pela pandemia, Portanova tornou-se um especialista no uso de milhas, a ponto de colaborar com um site especializado (o pontopravoar.com) e dar cursos, e os carimbos no passaporte do menino de 11 anos se avolumam, nas férias escolares de verão e inverno.
Todas as viagens internacionais, duas vezes por ano e, às vezes, em feriados estendidos, para destinos mais próximos ou no país, têm sido feitas sem desembolso de dinheiro. E não só nas passagens aéreas, mas em reserva de hotéis e outros benefícios, como upgrade para classe executiva ou primeira classe nos voos e serviços exclusivos ou acomodações melhores.
Portanova é cadastrado ou associado de cerca de 20 programas diferentes, a maioria gratuitos, mas também de alguns clubes de milhas com mensalidades, para atingir a meta que é levar Lorenzo a destinos que, principalmente, tragam aprendizados. Uma vontade do garoto, por exemplo, era conhecer as pirâmides do Egito e uma das últimas viagens foi para aquele país e para a Turquia. A missão de Portanova é conciliar os desejos de Lorenzo — e do casal, é claro — com os pontos obtidos e as promoções. À medida que o menino foi crescendo, passaram a explorar mais a Europa e a Ásia — já passaram por Japão, Tailândia, Vietnã e Camboja, pelo menos.
— Gostamos de fazer viagens culturais e normalmente consigo fazer as nossas vontades porque me dedico muito. Não tem milagre. Quanto mais se estuda, mais complexo fica, mas se obtém mais benefícios. O foco é viajar, conhecer, mas em 90% das vezes consigo conciliar economia e conforto — diz.
A última viagem deveria ter sido para a África do Sul, com passagens emitidas no ano passado, mas, por recomendação da pediatra de Lorenzo, que ainda não estava vacinado na época, mudaram o roteiro. Acabaram indo para Orlando e Miami, e, por ser em cima do laço, conseguiram vagas só na classe econômica (voando pela Azul, com milhas da TAP, gastaram 70 mil pontos por pessoa, já que a companhia aérea portuguesa tem um valor fixo de 35 mil milhas por trecho; se tivessem usado os pontos na companhia nacional, teriam desembolsado mais de 200 mil para viajar no mesmo voo). Em Campinas, onde seria o embarque para os EUA, como havia vagas na classe executiva, a família ainda conseguiu um updgrade usando pontos.
— O que importa não é acumular, mas saber usar — observa Portanova, dizendo que os programas de fidelidade refletem o poder das moedas e é preciso concentrar os pontos em programas mais estáveis e ancorados em moeda forte.
As dicas do viajante
- Acumular milhas não é difícil, mas é preciso dedicação para fazer os pontos renderem
- Vincular as compras do dia a dia às lojas parceiras dos programas e multiplicar os pontos, creditados diretamente na conta do usuário
- Associar-se à maior quantidade de programas das companhias aéreas, principalmente internacionais, e entender as parcerias e alianças entre as companhias
- Pelo menos uma vez por dia, dar uma olhada nas promoções
- Portanova costuma emitir os tickets com milhas com 10 a 11 meses de antecedência, pois planeja as férias conforme o calendário escolar. Mas, às vezes, em cima da hora, as companhias aéreas liberam a venda de passagens com milhas, o que pode ser uma oportunidade para quem tem agenda flexível
- Pesquisar e ler blogs no Brasil e no Exterior que expliquem o funcionamento dos programas ou aperfeiçoar-se em cursos oferecidos por especialistas e sites. No caso do site para o qual colabora como voluntário (pontospravoar.com), ele diz que o foco não é só incentivar o acúmulo de pontos, mas ajudar na melhor forma de aproveitá-los. Ele também mantém um curso, com aulas gravadas e lives (@milhasparatodos)
- O último passo dado por Portanova foi abrir uma conta num banco americano para associar-se a programas de pontos nos EUA, o que traz mais vantagens em função da desvalorização do real. Ele cita alguns programas de cartões de crédito como mais vantajosos na hora da transferência de pontos para companhias aéreas e hotéis, sem deságio, como é o caso do Membership Rewards dos cartões Amex emitidos nos Estados Unidos, e do Livelo, do Banco do Brasil e do Bradesco.
Um exemplo
Embora a maioria dos cartões de crédito ofereça acúmulo de milhas e benefícios, é preciso gastar muito para reunir pontos suficientes para a emissão de uma passagem aérea, assim como nos programas das companhias. Para Portanova, o segredo está em fazer compras com lojas parceiras e, a partir daí, tirar vantagens. Ele dá um exemplo:
- na compra de um telefone celular de R$ 2 mil, procure uma loja parceira que dê o maior número de pontos possível. No caso de uma que oferte 5 pontos por real gasto, você acumulará 10 mil pontos, mais os do cartão de crédito, se fizer a compra no cartão;
- se você acompanhar as promoções dos programas de milhagens, às vezes há bônus de até 100% na transferência de pontos, e aí os seus 10 mil podem virar 20 mil
- com esse total, de olho nas ofertas das companhias aéreas, você pode embarcar de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, em baixa temporada, por exemplo, sem gastar nada.
O futuro em Porto Alegre
Você já deve ter ouvido que a capital gaúcha vai receber o South Summit, um dos maiores eventos de inovação do mundo, em maio. Pois uma das atividades preparatórias está marcada para a próxima quinta-feira, dia 17, das 9h às 11h, no Instituto Caldeira, no 4º Distrito. O encontro promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, com o trade turístico, o chamado Pré-South Summit, definirá estratégias para potencializar o setor durante e após o evento. As principais entidades ligadas ao turismo devem participar do bate-papo, além do Sebrae RS, 4all, Wine Locals, entre outros que confirmaram presença.
As flores de Santa Clara
Trinta anos depois de se emancipar, Santa Clara do Sul, no Vale do Taquari, vai inaugurar no domingo (20) seu primeiro roteiro turístico. É o passo inicial para a cidade que já é conhecida pela agroecologia concretizar um projeto batizado "Caminhos de Santa Clara", composto por circuitos de caminhadas, trilhas e cicloturismo, além de rotas de turismo religioso, cultural e gastronômico. Na fase de testes, a rota "Aromas e Sabores na Cidade das Flores" foi visitada por mais de 300 turistas que percorreram os 12 empreendimentos que a integram, incluindo café colonial, almoço típico, estufas de flores, agroindústria, sítio com produção orgânica e atrações como a Casa do Artesão e o museu da Biblioteca Municipal.