Na cidade que há muito deixou de ser um corredor para se chegar às famosas Gramado e Canela, mais uma novidade surgiu em plena pandemia. Se você já assistiu a algum episódio de Movimento Tiny House (2019), na Netflix, pregando um estilo de vida minimalista, não vai estranhar a Vila Olinda Tiny House, em Nova Petrópolis, um conjunto de quatro minicasas, cada uma de uma cor diferente (azul, branca, preta e vermelha).
Elas são resultado da transformação de um negócio criado pela psicóloga Debora Sant'Anna Rosa, 58 anos, e pelo representante comercial Thomas Nikoloff, 64, na área de oito hectares herdada da família dele. Em 2018, o sítio havia virado um local para eventos, e as duas primeiras das quatro construções com 28 metros quadrados cada (abrigando quarto, sala, minicozinha e banheiro) tinham surgido para que os anfitriões das festas se hospedassem ali. Mas a interrupção das comemorações, a partir de março do ano passado, causou uma guinada não só no empreendimento, mas na vida do casal.
Moradores de Porto Alegre que subiam a Serra uma vez por semana, eles adotaram o home office em 18 de março de 2020, instalaram-se no sítio e apressaram uma ideia que já vinham acalentando em visitas a tiny houses em Jose Ignacio e Punta del Este, no Uruguai — foram pelo menos quatro estadas para entender o conceito, sempre em companhia do arquiteto Francisco Pinto, casado com uma prima de Debora, e ele mais do que comprou a ideia. Francisco sugeriu o colorido — na primeira, preta, ele pretendia trazer o espírito de uma sala de cinema, que neutraliza o interior para destacar a natureza.
Aí vieram as outras duas casas, a inclusão de todas no Airbnb e, agora, diante da adesão dos hóspedes, a decisão de transformar o espaço de eventos em mais uma área acessível aos visitantes, assim que a pandemia passar — hoje já funciona ali um "cantinho da honestidade", com adega e outros produtos. Não há refeições, mas a Vila Olinda tem parceiros na cidade que podem entregar, a pedido, o café da manhã ou um kit churrasco, já que há churrasqueiras à disposição.
— As pessoas podem usar os temperos da nossa horta para cozinhar, por exemplo. Queremos agregar experiências para os hóspedes no futuro, já que as casas ficam em meio à natureza. O sonho do meu sogro era que curtíssemos a propriedade, que não nos desfizéssemos. Estamos fazendo isso agora — diz a psicóloga e hostess, observando que eles chegaram a pensar em lotear o terreno.
Decoração
A vida de Debora e Thomas se reconfigurou com a mudança definitiva para a Serra. A casa que ocupam agora tem a metade do tamanho do apartamento da Capital e, em lugar de aumentar o imóvel e os armários, aos poucos eles reduziram a "carga" —menos roupas, objetos, móveis.
Mas voltemos às tiny houses da Vila Olinda: as pequenas casas são envidraçadas, têm lareira, uma delas comporta uma banheira interna e outra, duas externas. A decoração é pensada nos mínimos detalhes, é tudo simples, mas confortável e de bom gosto. Como o espaço, nos últimos tempos, seria ocupado por profissionais em home office, houve um investimento numa boa rede de internet.
Há, entre os hóspedes, muita gente da Capital e de Caxias do Sul, mas também de outras cidades do Interior. Em função da pandemia, a ideia é não ter contato com nenhum deles, mas Debora às vezes coloca a máscara e, de longe, fica orientando sobre como chegar a cada uma das pequenas casas, ainda que haja indicações.
— Nós vendemos a ideia da natureza, do silêncio, e as pessoas compram isso. Muitas dizem que, ao acordar, sentem-se como se estivessem dentro de uma nave —conta ela.
As diárias são a partir de R$ 500, conforme o dia da semana e a casa escolhida. Até junho, poucos dias estão livres e o casal pensa em já construir mais duas tiny houses.
Informações em linktr.ee/_vilaolinda
BOX
Um, dois, três
Para comprovar o que está dito lá no início do texto, três atrações — duas recentes e uma futura — em Nova Petrópolis (observe sempre os protocolos de saúde):
* A Cervejaria Edelbrau inaugurou em janeiro a Experiência Edelbrau, um complexo interativo sobre o universo da cerveja artesanal que aposta nas sensações e estímulos sensoriais dos visitantes;
* A Casa Zaandam apresenta as cores, a arquitetura, os sabores e presta uma homenagem à cultura da Holanda, especialmente pequenas cidades como Zaandam, que fica a 20 quilômetros de Amsterdã;
* Um Boeing 727 que pertenceu à Varig em breve será um dos principais atrativos de um empreendimento turístico dedicado a homenagear a história da aviação do Rio Grande do Sul, na linha Imperial.
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NOTAS
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Bônus na Serra
Hotel em funcionamento há mais tempo no Rio Grande do Sul, o Parador Hampel segue com sua campanha #TamoJunto, para tentar amenizar os prejuízos da pandemia. São vouchers que variam de R$ 250 a R$ 1 mil para serem usados a qualquer momento, durante um ano, agora com um bônus que varia de 20% a 40%. Em São Francisco de Paula, os vouchers podem ser trocados por hospedagem, experiências gastronômicas como o A Ferro e Fogo ou no restaurante Ana Terra — que serve café da manhã, almoço e jantar, além de piquenique, almoço ou café à beira do lago da propriedade ou na cachoeira e oferece delivery. Informações: paradorhampel.com
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Vinhos para seguir
Uma plataforma criada há menos de um ano por um grupo de apaixonados por vinho já reúne cerca de 203 vinícolas brasileiras numa espécie de vitrine virtual. O Brasil de Vinhos não vende o produto e nem é um clube, também não cobra para as empresas figurarem ali: trata-se de um lugar para se divulgar e conhecer o vinho nacional. Confira em brasildevinhos.com.br e @brasildevinhos