Se você só ouve os discursos da oposição na Câmara e no Senado e acompanha o mundo pelas redes sociais, corre o risco de comprar uma passagem para qualquer lugar do planeta, convencido de que o Brasil está à beira do caos. Se olhar para os números sem paixão saberá que há exagero tanto naqueles que só vêm coisa ruins como nos discursos dos que acham que tudo vai muito bem e que podemos ficar deitados em berço esplêndido. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra: o Brasil tem muitas coisas boas a comemorar neste ano de 2024 que se aproxima do fim.
O crescimento do PIB de 0,9% no terceiro trimestre, que significa 2,1% no acumulado de 12 meses, é uma dessas boas notícias que precisam ser comemoradas. Poderia ser mais, mas não muito para não faltar energia ou provocar inflação. Ao mesmo tempo em que o mercado financeiro se inquieta e o dólar bate recorde nominal, passando dos R$ 6,00, o setor produtivo dá sinais de maturidade e investe. Compra bens de capital para produzir mais.
Nesta semana, na sede da CMPC, ouvimos a reafirmação de um investimento de R$ 24 bilhões no projeto Natureza, que inclui uma nova unidade em Barra do Ribeiro. Será que uma empresa chilena do porte da CMPC investiria em um país que estivesse à beira do abismo?
A esse dado do crescimento da economia, que derrubou as previsões de economistas mais céticos, soma-se outro índice animador: o desemprego nunca foi tão baixo. Sim, é verdade que todos nós conhecemos pessoas desempregadas ou que até pararam de procurar porque estão desalentadas.
Ao mesmo tempo, faltam pessoas qualificadas para ocupar vagas com bons salários no campo e na cidade, mas que exigem conhecimentos de tecnologia que a maioria dos desempregados não tem. Há empresas contratando pessoas mais velhas, que há pouco tempo eram consideradas inúteis pelo mercado depois dos 50 anos, mesmo que pela reforma da Previdência só possam se aposentar aos 65 anos.
Nesta quarta-feira (4), novos dados do IBGE animaram quem torce por um Brasil mais justo: o número de brasileiros em situação de miséria caiu, seja pela expansão dos programas sociais, seja pelo aumento da oferta de emprego. Verdade que os miseráveis ainda representam, 4,4% da população, mas já foram bem mais.
Caiu também o número de pessoas na condição de pobreza. Ainda são 59 milhões, o que é muito em números absolutos e em percentual da população, revelando que a desigualdade é um dos grandes problemas a se enfrentar. A boa notícia é que 8,7 milhões saíram da condição de pobreza.
Os dados do IBGE são referentes a 2023 e mostram que a pobreza extrema atingiu o os menores índices da série histórica, iniciada em 2012. Pela primeira vez, a miséria ficou abaixo de 5%. Também teve queda recorde o índice de jovens entre 15 e 29 anos chamados de nem-nem — aqueles que nem estudam, nem trabalham. Não dá para comemorar, porque ainda são 10,3 milhões de brasileiros nessa condição, mas a oferta de emprego e de escolas de tempo integral situação explicam o aumento dos jovens ocupados nessa faixa etária.