O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Não será por falta de tentativa que os deputados não conseguirão barrar a entrega da Medalha do Mérito Farroupilha ao líder do MST, João Pedro Stédile. O tema que ganhou os holofotes da Assembleia Legislativa nesta semana promete um desfecho sem nenhuma novidade. A solenidade deve ser realizada a partir das 17h na segunda-feira (16), como previsto.
A última cartada dos parlamentares contrários à honraria foi protocolar pedidos de reconsideração à mesa diretora, que aprovou a homenagem a Stédile seguindo a tradição da Casa — que é acatar, sem questionar, o direito de cada deputado conceder uma medalha nos quatro anos de mandato. Foram três solicitações: dos deputados Rodrigo Lorenzoni (PL), Delegado Zucco (Republicanos) e Capitão Martim (Republicanos). As demandas entraram na pauta da última reunião de líderes, na terça-feira (10), mas Pepe Vargas (PT) pediu vista e adiou a decisão em uma semana.
Como neste caso o próximo encontro seria após a entrega da medalha, nove integrantes da mesa diretora assinaram pedido ao presidente da Assembleia, Adolfo Brito, para convocar uma reunião extraordinária até esta sexta-feira (13) em que poderiam deliberar sobre uma possível revogação da honraria ao líder do movimento. O único que não assinou foi justamente Pepe Vargas. O documento foi entregue ao presidente da Casa às 15h40min de terça-feira.
Entretanto, o pedido não será acatado. À coluna, a assessoria da Assembleia confirmou que não haverá reunião extraordinária da mesa esta semana. Nesta quinta-feira (12), Brito viajou a Sergipe para participar de sessão de entrega da Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar aos bombeiros sergipanos que atuaram no Rio Grande do Sul durante a enchente.
Sem reuniões até a próxima terça-feira (17), Stédile deve receber a medalha em solenidade na segunda. Mesmo assim, a sessão não deve ser somente de afagos e sorrisos: em entrevista ao programa Conversas Cruzadas, o deputado Delegado Zucco comparou o MST à maior organização criminosa do brasil, o PCC, e prometeu "dar voz de prisão" a Stédile em caso de incitação à invasão de terras durante a condecoração.
— Se entrar na Assembleia e começar a fazer apologia ao crime, corre o risco de sair de lá preso, porque incentivar invasão, incentivar esbulho possessório, incentivar cometimento de crime é crime do direito penal, artigo 287. Se eu estiver lá e ele fizer isso, incentivar invasão de terra, vou dar voz de prisão e levar ele (sic) para delegacia preso — afirmou Zucco.
A medalha para Stédile foi proposta pelo deputado Adão Pretto Filho (PT) e aprovada por unanimidade pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa em fevereiro deste ano. A ata daquela reunião mostra a concordância dos presentes.