O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Em clima de "guerra fria", as campanhas dos candidatos à prefeitura de Caxias do Sul, Maurício Scalco (PL) e Adiló Didomenico (PSDB), vêm sendo marcadas pelo uso das redes sociais para provocações mútuas. Esse foi o ambiente transportado ao ouvinte da Rádio Gaúcha Serra, nesta terça-feira (15), na primeira vez em que a dupla ficou cara a cara desde o primeiro turno que os manteve na disputa.
Mesmo quando tocaram nos assuntos que interessam ao eleitor, como obras, contas públicas ou zeladoria, não houve profundidade nas propostas. Scalco seguiu a estratégia dos materiais de campanha e se ateve a fazer críticas à atual gestão. O candidato usou o argumento de que "vai manter o que está bom e melhorar o que vai mal" num eventual governo. Adiló usou seu tempo principalmente para rebater os comentários negativos e destacar conquistas da sua gestão nos últimos quatro anos.
Enquanto Scalco sustenta ser o representante da mudança, já que cerca de 70% do eleitorado caxiense não votou em Adiló, o prefeito segue na tentativa de imputar a pecha de "aventura" na candidatura do liberal. O termo é uma alusão ao ex-prefeito Daniel Guerra, cassado em 2019 por infrações político-administrativas.
Os ataques permearam todo o debate, mas se mantiveram respeitosos e dentro do contexto comum ao período eleitoral. Quando o candidato do PL declarou que o prefeito perdeu verbas federais por falta de projetos, Adiló respondeu que Scalco não teria trânsito em Brasília para obter investimentos da União. Justificou que o deputado Maurício Marcon (Podemos), aliado de Scalco, "não consegue cumprir o papel de deputado pela postura". Quando o tucano afirmou que já cumpriu 92% do seu plano de governo, Scalco questionou o eleitor se sua vida havia melhorado 92%.
Um dos momentos de maior tensão no debate foi quando Scalco abordou os apoios para o segundo turno. O candidato do PL questionou Adiló Didomenico se o PCdoB, que abriu voto para o tucano, estaria em alguma secretaria num eventual segundo mandato.
— Não faço acordo, não fiz negociação em troca de cargo. Nós aceitamos o voto de todos os caxienses, até porque esse é o momento de olhar diferente daquilo que a gente gostaria, mas sim para aquilo que a gente não quer. E a sua candidatura representa um risco para Caxias do Sul, uma aventura. O senhor tem uma postura muito arrogante — respondeu Adiló.
— A verdadeira aventura é ficar mais quatro anos aguardando soluções e promessas, isso é uma aventura para o povo caxiense. Ficar aguardando sem saber para que lado estamos indo. O senhor, pela sua biografia, já teve toda a chance possível para, no poder público, fazer a diferença e não fez — replicou Scalco.