O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Com a complicada tarefa de conciliar orientações das executivas nacional e estadual, o PT decidiu pelo voto crítico ao atual prefeito Adiló Didomenico (PSDB) no segundo turno em Caxias do Sul. A reunião do diretório na noite desta segunda-feira (14) confirmou a indicação aos filiados de "derrotar a extrema direita e votar 45", o número do candidato tucano:
"Seja qual for o resultado do segundo turno estaremos na oposição ao governo que for eleito. Nossas críticas ao governo Adiló estão mantidas e não precisamos repeti-las. Por outro lado, as forças que apoiam Scalco representam a extrema direita que apoiou a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, que prega o ódio na política e o ataque às organizações democráticas da sociedade civil, com posições claramente antidemocráticas. Por isso, o PT conclama aos seus apoiadores a derrotarem a extrema direita neste segundo turno, votando 45", diz trecho da nota do partido.
Sem a deputada Denise Pessôa no pleito (que ficou em terceiro lugar por 3 mil votos), a definição do PT deveria ter saído na última quarta-feira (9). A proximidade entre Denise e o prefeito apontavam para um inevitável anúncio de apoio amigável, mas a direção estadual da legenda fez adiar a reunião do diretório municipal após fala do governador Eduardo Leite sobre sua "aproximação pragmática" com Sebastião Melo (MDB), candidato à reeleição em Porto Alegre.
A manifestação tirou a segurança do PT de que Leite devolveria o apoio que recebeu do partido, na disputa pelo Piratini em 2022, aos candidatos petistas na Capital (Maria do Rosário) e em Pelotas (Fernando Marroni). Como Adiló é tucano como o governador, os petistas resolveram esperar pelo posicionamento do PSDB. Na Capital, o diretório municipal decidiu pelo apoio a Melo. Em Pelotas, o partido ficará neutro na disputa entre Marroni e Marciano Perondi (PL).
Por outro lado, o PT nacional emitiu nota em que pede aos militantes para que fortaleçam as campanhas petistas no segundo turno, e que "com o mesmo empenho" se engajem nas campanhas de outros partidos "contra candidatos da extrema direita, sem vacilações". É o caso de Caxias, onde Adiló enfrenta o candidato do PL, Maurício Scalco.
A saída encontrada pelo diretório caxiense para conciliar o cenário estadual com a recomendação nacional foi indicar o voto crítico no atual prefeito. Isso significa que nem Denise nem figuras do PT, como o ex-prefeito e deputado Pepe Vargas, devem fazer campanha com Adiló.
— Essa possibilidade (de participar da campanha) não está no radar, nunca discutimos isso. Não temos isso previsto — disse à coluna a presidente municipal do PT, Joceli Veadrigo.
Apoios para o segundo turno
Enquanto Scalco mantém entre seus apoiadores apenas sua coligação inicial (PL, PP, Podemos e Novo), Adiló agregou aliados para o segundo turno. O MDB, que ficou em um melancólico quarto lugar com Felipe Gremelmaier, anunciou apoio ao prefeito — e já levou o próprio Gremelmaier e o deputado Carlos Búrigo, presidente municipal do partido, às ruas.
Federados com o PT, PCdoB e PV também abriram voto em Adiló, mas não participam abertamente da campanha. O PDT, que estava na chapa petista, decidiu pela neutralidade na segunda etapa do pleito — apesar de que o candidato a vice de Denise e ex-prefeito, Alceu Barbosa Velho, tenha declarado que não votaria em Adiló, e que o presidente municipal dos pedetistas, vereador Rafael Bueno, tenha aberto seu voto para Scalco.