Por onde andaram Rebeca, Flavinha, Júlia, Jade e Lorrane no hiato entre a Olimpíada de Tóquio e a de Paris? E Bárbara, Vitória e todas essas meninas de corpos elásticos que nos brindaram com o melhor da Olimpíada? E Raíssa, nossa ex-fadinha, sempre esbanjando simpatia? Quem já tinha ouvido falar de Beatriz antes da medalha de ouro? Quem de nós foi informado de que Izaquias, como Simone Biles, precisou curar as feridas da alma para voltar a remar com o braço forte de ouro e prata?
Perguntas retóricas, porque a resposta todos sabemos: estavam treinando, participando de campeonatos mundiais, curando torções, desafiando a lei da gravidade. Se não as vimos foi porque nossas telas estavam ocupadas com jogos protagonizados por atletas milionários, como se só o futebol importasse.
E quem não se importa com futebol de rapazes, onde encontra boas partidas de vôlei, basquete, vôlei de praia, futebol feminino? Relembrando, a seleção masculina do país do futebol sequer se classificou para a Olimpíada de Paris. A das meninas ganhou medalha de prata. OK, o futebol que movimenta a roda da fortuna é masculino, mas, depois dos Jogos Olímpicos de Paris, não estará na hora de dar mais atenção a esses esportes que só acompanhamos de quatro em quatro anos?
Em 2026 teremos Copa do Mundo outra vez. Uma Copa dividida entre México, Estados Unidos e Canadá, 100% futebol. Dos esportes olímpicos voltaremos a falar e a nos encantar em Los Angeles 2028, quando Rebeca já estará aposentada do solo e Julinha talvez seja nossa maior esperança de medalha. Até lá, como podemos acompanhar essas estrelas que brilharam na Cidade Luz?
Particularmente, não me interesso por várias modalidades olímpicas, mas há público para todos. Fico encantada com a Daiane explicando o duplo twist esticado, carpado, grupado. Perco o fôlego na trave e nas barras assimétricas, temendo que as meninas caiam. Aflijo-me com a possibilidade de a ginasta pisar fora do tablado depois daquelas piruetas inacreditáveis no ar. Aplaudo quando aterrissam de pés juntos, cravados, coroando uma apresentação irretocável. Sofro com as que se lesionam, comemoro as boas notas, tenho pena das que caem, mesmo sendo adversárias das nossas meninas.
Termino esta olimpíada encantada com a ginástica rítmica. Da artística já era fã e fiquei ainda mais depois de ver os shows de Rebeca. Assistindo pela TV, tenho a sensação de que nada pode ser mais difícil do que coordenar passos de bailarina e acrobacias com bola, fita, arco e aqueles malabares que exigem precisão milimétrica. Que venham os próximos campeonatos mundiais, mas não deixem de me avisar onde poderei assistir aos voos dessas deusas de collant.