O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
O relatório elaborado por especialistas holandeses, apresentado na última segunda-feira (19), apontou erros na manutenção dos diques de Porto Alegre e falhas nas estações de bombeamento e nas comportas. Até aí, não há nada de novo.
Os especialistas dos Países Baixos verificaram diques "rebaixados em alguns locais", além da construção de casas irregulares em determinados pontos da estrutura. De acordo com o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss, os projetos dos diques, concebidos entre os anos 1960 e 1970, previam estruturas com seis metros de altura, mas, na prática, algumas partes atingem somente 4,5 metros.
Essa explicação, entretanto, é contestada pelo engenheiro eletricista Vicente Rauber, que foi diretor do extinto Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), hoje incorporado ao Dmae. Rauber afirma que não encontrou, no relatório, citações a erros de projeto do sistema de proteção:
— O dique do Sarandi e comportas foram construídos nas cotas e condições apropriadas. O sistema possui proteção adequada até a cota de seis metros, em 2024 tivemos as águas abaixo desta cota. Funciona bem desde que tenha manutenção adequada.
Além disso, Rauber aponta que houve inundação nas casas de bombas por falta de manutenção em suas comportas, que funcionam como uma basculante na estrutura.
— As casas de bombas estão na altura correta. Acima da cota de três metros devem ser fechadas as comportas externas e acionados os motores para expurgar os esgotos e águas da chuva, se houver. Assim, comportas e motores funcionam entrosadamente de forma eficiente. Elas (casas de bombas) precisam sim de mais potência, mais motores, plano existente desde 2014, para o qual a União destinou recursos a fundo perdido, que foram perdidos em 2019 por não apresentação dos projetos de engenharia
O relatório dos holandeses apresenta, nas páginas 16 e 17, cinco principais problemas relacionados com as estações de bombeamento:
- Sistemas de bombeamento foram dimensionados com base em dados históricos antigos, e com defasagem técnica quanto ao seu dimensionamento.
- Foram excedidos os níveis d’água operacionais das bombas, incluindo seus controles elétricos e de automação. Devido a isso, a alimentação elétrica foi obrigatoriamente desligada para evitar riscos de curto-circuito.
- Falta de alternativas de energia emergencial para suprir os equipamentos de bombeamento (ex.: geradores).
- Aparente falta de manutenção dos equipamentos.
- Retorno do escoamento nas bombas devido à falta de válvulas de retenção.
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