O diagnóstico apresentado na reunião desta quarta-feira (10) no Palácio Piratini com representantes da sociedade civil é dramático, mas não chega a ser surpreendente. Quem acompanha os alertas feitos pelo economista Aod Cunha em entrevistas e palestras sabe que o Estado perdeu tempo nos últimos anos por não ter um plano de desenvolvimento focado no aumento da produtividade, o que depende de investimentos em educação.
Aod sempre alertou para o fato de que o Rio Grande do Sul estava perdendo o "bônus demográfico" com a rápida mudança no perfil da população.
Um dos slides apresentados pela consultoria McKinsey, no Palácio Piratini, diz: "Projeções indicam que o Rio Grande do Sul será, em 2060, Estado brasileiro com a menor participação da população em idade ativa".
E mais: "Supondo produtividade constante e taxa de declínio da população ocupada igual à taxa de declínio da população em idade ativa (-0,6% ao ano até 2060), retração no PIB poderá ser de R$ 120 bilhões até 2060, equivalente a -20% do PIB atual".
Estudos para mostrar a necessidade de uma virada já foram tantos que os mais calejados perderam a esperança de viver o suficiente para ver o cenário mudar. Esse é o primeiro desafio do governador Eduardo Leite na pretensão de engajar empresários, políticos, acadêmicos e profissionais liberais em um projeto de desenvolvimento sustentável: convencer os diferentes atores de que não é tarde demais.
A crise fiscal que sufoca o Estado há décadas não permitiu que diferentes governos fizessem planejamento de médio e longo prazo. Não por acaso, a pauta recorrente, ano após ano, é o aumento de impostos.
O Estado precisa pensar além de questões fiscais e de interesses paroquiais, porque já está perdendo posição em áreas das quais foi líder. E precisa virar a chave antes que seja tarde demais.