O julgamento que decidirá se o senador Sergio Moro segue no mandato ou se será cassado está empatado no Tribunal Regional do Paraná (e suspenso por um pedido de vista), mas segue ativo nas redes sociais. Assim como tem torcedores fanáticos, Moro é odiado por duas tribos diferentes. De um lado, os militantes de esquerda que não engoliram sua atuação na Operação Lava-Jato e querem vê-lo na lona. De outro, os bolsonaristas que o consideram um traidor. Embora ele tenha deixado o Ministério da Justiça atirando em Jair Bolsonaro, na campanha os dois voltaram a se aproximar. Por conveniência, naturalmente, já que têm em Lula um inimigo comum.
Moro não está sendo julgado pelo que fez ou deixou de fazer na Lava-Jato. Nem pelo que fez ou deixou de fazer no Ministério da Justiça. A acusação é de abuso de poder econômico na campanha de 2022, já que se lançou pré-candidato a presidente, ganhou visibilidade, trocou de partido e virou candidato ao Senado pelo Paraná.
Convenhamos que para se eleger senador pelo Paraná Moro não precisava de pré-campanha para presidente. Sua visibilidade e popularidade no Estado são fruto da Lava-Jato, mas convém repetir: o TRE-PR não está julgando a conduta do juiz Sergio Moro na operação, mas o uso da vitrine da eleição presidencial para se tornar popular.
Também é oportuno lembrar que Moro queria, verdadeiramente, ser candidato a presidente. Achava que a fama conquistada na Lava-Jato lhe garantiria um lugar no segundo turno, ainda mais tendo Lula como adversário.
Moro entrou no Podemos recebendo salário, já que ficara sem renda, e com a promessa de que seria candidato ao Planalto. Vendo que o Podemos era um partido pequeno, migrou para o União Brasil e ali lhe cortaram as asas. Tentou ser candidato por São Paulo, mas a Justiça Eleitoral entendeu que ele não tinha vínculo com o Estado. E não tinha mesmo. O Senado pelo Paraná restou como prêmio de consolação. O PT e o PL entraram com ações pedindo a cassação de Moro por abuso de poder econômico e é isso que será julgado na próxima semana.
Um dos maiores sinais de que Moro teria sido eleito mesmo sem a pré-campanha para a Presidência é a eleição de sua esposa, Rosângela, como deputada federal por São Paulo. Ela não era ninguém para os eleitores de São Paulo, nem tinha domicílio eleitoral, mas teve a candidatura deferida. Foi eleita com a única credencial de ser a mulher que das redes sociais postava fotos com a frase “eu moro com ele”.