O melhor que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, poderia fazer para preservar o governo do desgaste seria pedir demissão até que sejam concluídas as investigações sobre o escândalo da compra de respiradores quando era governador da Bahia. Os 300 respiradores, pelos quais o governo da Bahia pagou R$ 48 milhões, nunca foram entregues. A denúncia é antiga, mas o fato novo foi o surgimento do nome do ministro no acordo de delação premiada da empresária Cristiana Taddeo, da Hampcare.
Lula poderia se inspirar no ex-presidente Itamar Franco, que afastou Henrique Hargreaves diante do surgimento de uma denúncia e prometeu reconduzi-lo se nada fosse provado contra o amigo. Como não foi, Hargreaves voltou para o governo e a atitude nunca foi considerada uma confissão de culpa ou coisa parecida.
É improvável que Lula demita o amigo Rui Costa ou peça a ele para fazer um sacrifício, já que tem sido tolerante com Juscelino Filho, o ministro campeão em problemas e que está longe de ser um companheiro no sentido estrito da palavra.
Se Lula não o faz, porque entende que é preciso respeitar a presunção de inocência, Costa deveria tomar a iniciativa. Pouparia o governo de se desgastar por um escândalo que é paroquial, mas respinga em Lula por ser ele um dos ministros mais importantes. Se a inocência ficar comprovada, volta fortalecido.
A delatora disse que o negócio foi intermediado por um empresário que se apresentou como amigo do governador e da esposa dele, Aline, hoje conselheira do Tribunal de Contas. Disse que pagou R$ 11 milhões em comissões a intermediários e, por isso, não teve como devolver todo o dinheiro recebido.