Com duas pesquisas em sequência (uma da Quaest e outra do Ipec) mostrando queda na popularidade do governo, o presidente Lula precisa parar no fim de semana e avaliar com seus ministros o que está fazendo de errado. Ou por que as boas notícias, como a do anúncio de investimentos bilionários pela indústria automobilística, produzem menos efeito no imaginário dos brasileiros do que suas declarações atabalhoadas sobre questões internacionais.
É indiscutível o efeito do aumento do preço dos alimentos na vida dos brasileiros, mas isso apenas não explica a queda na avaliação positiva e o aumento da avaliação negativa, confirmadas em diferentes formas de perguntar para o entrevistado o que ele pensa do governo.
É difícil desvincular o aumento da avaliação negativa das declarações de Lula sobre temas como a guerra entre Israel e o Hamas (pela comparação com o Holocausto) e a eleição na Venezuela. Ao passar a mão na cabeça do ditador Nicolás Maduro e relativizar a violência política na Venezuela, Lula passa a ideia de que protege seus tiranos de estimação.
Não adianta em um dia dizer que não se envolve em questões internas dos outros países e, no outro, tratar com naturalidade a exclusão dos adversários da eleição na Venezuela, como fez maduro com Maria Corina Machado, repetindo o que fizeram com Henrique Capriles e Juan Guaidó. Eliminados os concorrentes mais fortes, Maduro tende a ganhar por WO, apesar de ter levado a Venezuela à ruína.
As viagens que começou a fazer aos Estados podem ajudar a reduzir a percepção negativa dependendo de como o presidente conduzir a comunicação com a população por onde passar. No Rio Grande do Sul, onde estará na próxima sexta-feira (25), espera-se que o governo seja assertivo nos anúncios de obras e investimentos, porque é o que fará a diferença na vida das pessoas.
Aliás
Lula deveria assistir ao filme Simón, disponível no Netflix, para se inteirar da forma como Nicolás Maduro trata os adversários do seu regime autoritário na Venezuela. É uma obra de ficção, mas retrata perfeitamente o drama dos venezuelanos empurrados para o exílio pela violência.