Passavam alguns minutos das 16h desta terça-feira (5) quando o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou ao parque da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, na carroceria de uma camioneta branca, ladeado pelos deputados Luciano Zucco (PL), Sanderson (PL) e Osmar Terra (MDB). O presidente do PL, Giovani Cherini, acompanhou a chegada de Bolsonaro em Passo Fundo, ficou preso no engarrafamento e não conseguiu acompanhar o desfile em carro aberto.
Milhares de pessoas que aguardavam o ex-presidente perto da área da empresa de máquinas agrícolas Stara começaram a gritar "mito, mito, mito" e a levantar celulares em busca de uma imagem.
Em frente à exposição de máquinas da Stara, um homem levantou uma criança do meio da multidão e a alcançou para Bolsonaro, que pegou a criança e sacudiu-a no ar, deixando aflitos os seguranças, que estenderam os braços para segurar, caso caísse. Essa cena se repetiria outras vezes no percurso até a sede da Cotrijal, com a rua totalmente ocupada por apoiadores.
De colete a prova de balas e usando uma jaqueta de náilon, apesar da temperatura de 24ºC na tarde ensolarada, Bolsonaro não discursou. Apenas distribuiu sorrisos, estendeu a mão em direção às mãos que se erguiam para tentar tocá-lo. Ficou no parque menos de duas horas e foi descansar em uma casa de propriedade de Gilson Trennepohl, dono da Stara, sempre acompanhado de Zucco. O último ato em Não-Me-Toque seria o jantar oferecido pela Stara com os líderes do agronegócio, à noite.
Bolsonaro, que nos quatro anos como presidente nunca esteve na Expodireto, desfilou pela feira como ídolo de um setor que vive em atrito permanente com o presidente Lula, por suas críticas aos líderes do agronegócio e pela proximidade com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A concentração de bolsonaristas começou a se formar no pavilhão da Stara antes do meio-dia. Homens, mulheres e crianças vestidos de verde e amarelou ou com camisetas com a estampa da bandeira do Brasil subiam nas máquinas para se fotografar à espera do ídolo. Quando ele chegou, levou parte dos manifestantes ao delírio e só se ouviam os gritos de "mito, mito, mito", intercalados por "Lula, ladrão, teu lugar é na prisão".
No meio da multidão, chamava atenção um grupo ligado ao deputado Zucco. Os militantes usavam camiseta com a inscrição "Turma do Zucco", nas costas e, na frente, "Bolsonaro + Zucco – Pelo Rio Grande, pelo Brasil", com a foto dos dois.
A viagem a Não-Me-Toque mostrou mais uma vez que Zucco é o político gaúcho mais próximo de Bolsonaro. Na vinda ao Rio Grande do Sul, os dois embarcaram juntos em um avião da Latam com destino a Guarulhos, de onde voaram para Passo Fundo, acompanhados apenas pelos seguranças.
Aliás
Com esse passeio pelo templo do agronegócio no Planalto Médio, o ex-presidente garantiu imagens que se multiplicarão nas redes sociais, a exemplo do que ocorreu na manifestação de 25 de fevereiro na Avenida Paulista.