O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Empossado no fim de dezembro, depois do afastamento temporário de Jairo Jorge, o prefeito em exercício de Canoas, Nedy de Vargas, anunciou nesta terça-feira (27) uma série de medidas para controlar as despesas do município. Entre as ações emergenciais estão a renegociação de dívidas com credores e a revisão de contratos e de investimentos previstos para 2024.
Nedy classificou como "desesperadora" a situação das finanças da prefeitura:
— Estamos compartilhando com a sociedade de Canoas algo que nenhum político, nenhum homem público, nenhum gestor gostaria de estar compartilhando. Mas é necessário. É preciso encarar a realidade de frente, com coragem, transparência e determinação — discursou Nedy.
Brigado com o grupo político do antecessor, o prefeito em exercício atribuiu o cenário fiscal à gestão de Jairo Jorge. Conforme Nedy, o endividamento de Canoas aumentou 173% entre 2022 e 2023, período em que o déficit financeiro passou de R$ 154,5 milhões para R$ 421,9 milhões.
— Nos deparamos com uma situação desesperadora: uma crise financeira sem precedentes na história de Canoas, com dívidas em todas as áreas. Foi por isso que uma das primeiras medidas que determinei foi a realização de uma auditoria das finanças municipais. A gestão que nos antecedeu aumentou assustadoramente a dívida do município — alfinetou Nedy.
Secretário da Fazenda na gestão de Jairo, João Portella reconhece a existência do cenário de dificuldades financeiras, mas sustenta que Nedy distorce os números em uma "manipulação grotesca de meias verdades, mentiras e contabilidade criativa".
— Sabíamos que sobreviveríamos a janeiro e fevereiro de 2024 com o IPTU e o IPVA e que, depois, a falta de recursos ia bater na nossa parte. O Nedy surfou no caixa lotado de receitas extraordinárias e agora que a questão aflorou ele está em ato de desespero tentando encontrar um culpado — observa Portella.
O ex-secretário da Fazenda rebate ainda a afirmação de que o município está endividado, e diz que eventuais débitos com fornecedores são "pontuais". Portella argumenta que houve aumento de déficit em 2023 porque cerca de R$ 250 milhões teriam deixado de ser pagos em 2022, quando Nedy era prefeito em exercício, e foram contabilizados no Orçamento seguinte.
— O município tem déficit mensal de R$ 30 a R$ 35 milhões. O que a administração tem de fazer é o ajuste na despesa para ter o equilíbrio das contas — explica Portella.
Confira as medidas anunciadas por Nedy:
- Renegociação de dívidas junto aos credores
- Revisão de contratos, para que as secretarias apresentem cortes
- Controle do gasto público, cortando despesas não essenciais
- Revisão do plano de investimentos para 2024
- Revisão de contratos em saúde e do custeio na estrutura da área
- Venda de patrimônio subutilizado
- Ações que reforcem o combate à corrupção
- Priorização nas ações de aumento de receita
- Autorização criteriosa para o aumento de pessoal
- Continuidade da negociação de repactuação com o governo do estado no programa Assistir
- Apresentar resultados em processos de gestão, reduzindo burocracias e otimizando a eficiência nos serviços.