Saudade do Bernardi. Essa frase curta é uma das mais ouvidas entre os líderes do PP incomodados com a falta de consulta às bases por parte do atual presidente estadual do partido, o deputado federal Covatti Filho. Bernardi é Celso Bernardi, o presidente anterior, que se dedicava exclusivamente ao partido e ficava "rouco de tanto ouvir".
Em Caxias, o descontentamento com a aliança anunciada com o vereador Maurício Scalco, que concorrerá a prefeito pelo PL, resultou na divulgação de uma carta aberta com reclamações de que Covatti simplesmente atropelou o PP local (leia a íntegra abaixo).
À coluna, o deputado disse que "o indicativo de coligação foi aprovado pela executiva" e que "quem quer aliança com o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) são os filiados que têm cargo na prefeitura". Não é o que diz a tal carta aberta, nem o que afirmam os filiados descontentes e que pedem para não ser identificados com medo de represálias.
Covatti disse também que a aliança com o PL, com a indicação do candidato a vice, era uma das exigências dos três vereadores que ele trará para o PP na janela que permite a troca de partido sem perder o mandato. Uma dela é Gladis Frizzo, que deverá ser a vice de Scalco.
Questionado sobre quais são as credenciais de Scalco para disputar a prefeitura, Covatti reconheceu que não conhece o futuro aliado:
— Eu nunca tive atuação em Caxias. Não conhecia ele, mas as pesquisas mostram que está muito bem e tem chances de se eleger. Numa aliança com Adiló nós não teríamos a possibilidade de indicar o vice. Além disso, nas pesquisas ele não está bem avaliado.
É essa "visão puramente eleitoreira" que incomoda a ala descontente do PP de Caxias, além do desprezo do presidente pelos movimentos afro, de mulheres e da juventude. Covatti diz que segue o estatuto e que esses setores não têm direito a voto.
A aliança com o PL tem o apoio do senador Luis Carlos Heinze, do deputado Guilherme Pasin, de Bento Gonçalves, e da vereadora Comandante Nádia, de Porto Alegre.
Em Santa Cruz, relações estremecidas
Uma situação curiosa ocorre em Santa Cruz, onde a prefeita Helena Hermany (PP) pretende disputar a reeleição. Como Covatti é noivo da vereadora Nicole Weber, crítica de Helena e provável candidata do Podemos à prefeitura, o presidente do PP adotou uma postura contemplativa.
— Em Santa Cruz eu nunca tive atuação. O deputado da região é o Pedro Westphalen. Não misturo minha relação com a Nicole com política. Por isso, me declaro impedido de opinar sobre a eleição.
O interlocutor de Helena é mesmo o deputado Pedro Westphalen. Covatti e Nicole estão juntos há um ano e meio. Diz ele que, quando o relacionamento começou, Nicole já era uma das principais críticas da gestão de Helena.