O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Sem distinção entre pequenos, médios e grandes agricultores, o governo do Estado prepara o lançamento de um novo programa para estimular a irrigação no Rio Grande do Sul. O anúncio deve ocorrer até o final de fevereiro, quando serão conhecidos os critérios e o valor do investimento previsto até 2026.
O primeiro e provavelmente maior desafio será convencer o agricultor de que vale a pena investir em irrigação. A experiência mais recente é de agosto de 2023, quando o governo abriu edital esperando a apresentação de 1,5 mil projetos, mas apenas 281 foram inscritos. Destes, 264 acabaram aprovados por se enquadrar nas regras da seleção.
O Estado pretendia investir até R$ 20 milhões em projetos de irrigação, mas somente R$ 2,4 milhões serão efetivamente aplicados em recursos públicos, devido à baixa procura pelos agricultores. Em resumo: sobrou dinheiro, faltaram projetos.
Dois fatores ajudam a contextualizar a situação. O primeiro, explica o secretário estadual da Agricultura, Giovani Feltes, é o período conturbado em que o edital esteve aberto, no início da primavera de 2023, época de chuva intensa e catástofres naturais no Rio Grande do Sul.
O segundo é cultural: com o El Niño em vigor, começou a chover e logo o produtor tende a "se esquecer" da importância da irrigação, acreditando que a próxima safra será melhor.
— Não se percebe ainda muito claramente os resultados fantásticos que a propriedade ganha com a irrigação. Na cultura do milho, por exemplo, ultrapassa o dobro da produtividade — destaca Feltes.
Sem adiantar detalhes sobre o novo programa, o secretário da Agricultura afirma que a ideia é manter o formato simplificado de 2023, em que o Estado entra com uma parte do dinheiro, a fundo perdido (subvenção), e o produtor completa o investimento. No ano passado, o governo custeou 20% dos projetos, limitados a R$ 15 mil por produtor.
Outra diretriz é a de que o agricultor poderá fazer a operação de crédito por meio de qualquer instituição financeira.
— Será um projeto mais robusto de irrigação, quase como política de Estado. Será simplificado, de fácil acesso e com foco na ampliação da área irrigada — resume Feltes.
Hoje, menos de 5% da área plantada no Rio Grande do Sul é irrigada.