Impossível não dar razão aos usuários das BRs 116 e 392, que protestam contra o aumento absurdo do preço do pedágio. Não é razoável que um automóvel pague R$ 19,60 a cada passagem ou que um caminhão de nove eixos pague R$ 469,40 para ir de Canguçu a Rio Grande, passando por duas praças.
A Ecosul, detentora da concessão, está no seu papel em reivindicar o máximo permitido em um contrato que desde o início se mostrou lesivo para os usuários. A pergunta é: como a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) permite um aumento que, como diz a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, afronta o princípio da razoabilidade?
A mobilização contra o aumento de 28,9% une gregos e troianos na Zona Sul, mas tem o apoio de transportadores de diferentes regiões do Estado que precisam usar essas rodovias a caminho do porto de Rio Grande.
O pedágio da Ecosul sempre foi um dos mais caros do mundo, considerando-se que a concessionária nunca teve de realizar obras de vulto. Só para manutenção, os usuários pagam mais do que quem trafega pela BR-386, que está sendo duplicada pela CCR Via Sul.
Em 2000, o contrato que acabaria em 2013 foi prorrogado até 2026. Agora que está chegando ao fim, a concessionária apresentou uma proposta para reduzir a tarifa e fazer obras de vulto. Em troca, quer uma nova prorrogação.
O deputado federal Daniel Trcziak (PSDB) desconfia que o aumento foi autorizado pela ANTT para tornar mais palatável a proposta de prorrogação com redução da tarifa a quase metade (R$ 11).
— É uma jogada ensaiada do governo federal e da empresa. O próprio governo criou uma portaria para dar segurança jurídica. Querem mostrar uma "redução imediata" — disse Trzeciak à coluna.
Na opinião de Trzeciak, o melhor é lutar na Justiça pela redução da tarifa e encaminhar uma nova licitação, em modelagem que não atrapalhe o desenvolvimento da região.