Para evitar a tradicional guerra de narrativas, a Polícia Federal precisar esclarecer o mais rápido possível se apreendeu ou não um notebook da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em um dos endereços de Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro.
A informação foi dada pela jornalista Daniela Lima, da Globo News, com base em fontes que só ela sabe quem são. O advogado da família, Fabio Wajngarten, negou que tenha sido apreendido computador da Abin com Carluxo.
Na semana passada, na operação que teve como foco o deputado Alexandre Ramagem, foram apreendidos na casa dele um notebook e um celular de propriedade da Abin. É muita coincidência. Ramagem deu uma explicação tortuosa para a apreensão:
— O que levaram da minha residência, se houve computador que era da Abin ou telefone, foram trocados por novos. Não tem utilização há mais de três anos, sem uso. Mesmo sem uso não devolve. Poderia devolver, mas não devolvi.
Como assim, "poderia devolver, mas não devolvi"? Então o diretor-geral de uma "agência de inteligência" leva para casa um computador que, em tese, está repleto de dados sensíveis? Se é assim, pode-se dizer, sem medo de cometer injustiça, que a Abin era (ou ainda é) a casa da mãe Joana.
A operação desta segunda-feira ocorre um dia depois da live do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus quatro filhos, na qual Carluxo foi apresentado como uma espécie de cérebro por trás das redes sociais da família. O vereador também falou como um dos mestres na gestão de redes sociais no curso criado pelo irmão Eduardo, com o nome de Ação Conservadora. Com inspiração no finado Olavo de Carvalho, trata-se de uma plataforma de treinamento para candidatos, líderes locais e apoiadores das ideias da família Bolsonaro.
Há dias que Bolsonaro pai vinha dando sinais de aproximação de uma tormenta na família. Em frases cifradas, pero no mucho, dava a entender que viria uma operação da PF contra os filhos. Sinal de que a família seguia recebendo informes da Abin, o que explica a reclamação da Polícia Federal de que alguém na direção atual da agência dificultou o trabalho de investigação do uso indevido de dados de desafetos dos Bolsonaro.
Na live, os Bolsonaro atacaram a Polícia Federal, o governo Lula, o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal.
Confirmar se apreendeu ou não um computador da Abin em um dos endereços de Carlos não prejudica as investigações, a menos que os agentes estejam como nos romances policiais, dando corda para alguém se enforcar. Por dar corda leia-se preservar informações cruciais para esperar a reação dos envolvidos.
ALIÁS
Na live de domingo à noite, feita na casa de Angra dos Reis, Jair Bolsonaro disse que iria ficar mais alguns dias pescando. Quando a polícia chegou para cumprir o mandado de busca e apreensão, ele e os filhos estavam no mar. Oficialmente, pescando desde às 5h da manhã.