A persistência do vereador Pedro Ruas (PSOL) em defesa da preservação da Escola Maria Thereza da Silveira, que há anos o Estado tenta fechar, foi premiada com a aprovação de projeto que prevê o tombamento da instituição como Patrimônio Histórico Educacional. Com apenas um voto contrário, do vereador Jessé Sangalli (Cidadania), o projeto de Ruas foi aprovado na tarde desta quarta-feira (6), unindo aliados do prefeito Sebastião Melo e opositores.
Se Melo sancionar a lei, o Estado fica impedido de vender o prédio, localizado em uma cobiçada área entre os bairros Bela Vista e Mont'Serrat, na Rua Furriel Antônio Vargas. O Estado vem matando a escola a míngua há vários anos. Começou por não oferecer as séries iniciais do Ensino Fundamental e, aos poucos, o número de alunos foi minguando até o governo anunciar sua transferência para outras escolas.
Recentemente, a Secretaria da Educação ofereceu o prédio à prefeitura, para que use as instalações como escola de Educação Infantil ou de Ensino Fundamental 1, já que está em curso um processo de transferência dos anos iniciais para os municípios.
A escola original (mais tarde substituída por um prédio moderno e funcional) foi construída em 1962, no governo de Leonel Brizola, em um terreno de 18,4 mil metros quadrados, de propriedade do Instituto de Previdência do Estado, com área total de 18,4 mil metros quadrados. Ruas justifica o tombamento dizendo que é a última escola ainda em funcionamento na Capital entre todas as concebidas por Brizola no Plano de Governo para o Ensino, que resultou na construção das chamadas brizoletas.
A referida escola tem uma tradição pela qualidade do ensino e, sobretudo, por funcionar como um estabelecimento que atendia uma demanda de muitos pais que trabalhavam nos bairros citados, vindos na sua maioria da vila Bom Jesus e de algumas áreas de quilombos próximos. Porteiros, seguranças, motoristas, jardineiros, faxineiras, cozinheiras, babás e empregadas domésticas que trabalhavam para moradores da localidade, de classe média e alta, matriculavam seus filhos no local, bem próximo do trabalho.
A escola também atendia a demanda da vizinhança, sem discriminação por questão financeira ou racial. Entre as crianças de classe média alta que foram alfabetizadas naquela escola, figuram os gêmeos Juliana Brizola e Leonel Brizola Neto, netos do ex-governador.
Em 1978 a escola passou por uma das primeiras grandes reformas, com a construção de prédios de alvenaria. Em 2004 parte da área da escola foi vendida, restando apenas 7.332 metros quadrados, por decisão do presidente do IPE e pelo então secretário de Educação.
Em dezembro de 2016, Ruas, que era deputado estadual, ouviu uma entrevista da diretora da escola, informando que fora proibida de receber pedidos de matrículas de novos alunos para o próximo ano letivo, já que a escola iria fechar. O então deputado foi conhecer a realidade da escola e em seguida entrou em gestões junto a Secretaria Estadual de Educação, ao Ministério Público e diretoria do IPE, buscando impedir o fechamento da Escola. De lá para cá, nunca mais abandonou a causa.
— Me envolvi na tentativa de salvar a escola que já teve mais de 300 alunos e hoje tem menos de 30, pois a direção da escola está impedida de fazer novas matrículas. Se ficarmos só acompanhando, seremos cúmplices de um crime que está sendo feito contra a educação, contra o funcionamento de uma escola que sempre primou pelo ensino de qualidade — justifica.
Ruas diz que a luta do ex-prefeito e governador Leonel Brizola valorizando a educação em favor da educação deve servir de exemplo:
— A educação é a única alternativa capaz de possibilitar a igualdade de oportunidades.