Com a eleição municipal cada vez mais próxima, vereadores de Porto Alegre fazem cálculos e estudam a possibilidade de trocar de legenda na próxima janela partidária. Conforme levantamento da coluna, ao menos oito dos 36 membros da Câmara Municipal cogitam mudar de sigla entre 6 de março e 6 de abril, período em que estarão autorizados a deixar as agremiações sem perder os mandatos.
Em algumas situações, a troca de partido é inevitável. É o caso de Ramiro Rosário (PSDB), que há tempos não participa de reuniões da bancada tucana e está com as malas prontas para ingressar no Novo. Ele afirma também ter recebido convites de PL, União Brasil, PP e PRD.
Em julho, Rosário causou estresse no PSDB ao sugerir que os deputados haviam sido "comprados" na votação que aprovou a reforma tributária. O detalhe é que os dois deputados federais gaúchos do PSDB votaram a favor da proposta.
— Meu ciclo no PSDB chegou ao fim. Contribuí muito com o partido, e o partido também foi muito correto comigo. Não tenho mágoa — reconhece Rosário.
Há mais de três décadas no PP, da Arena ao Progressistas, a vereadora Mônica Leal estuda trocar de legenda, mas ainda não decidiu o seu futuro. Mônica afirma que o problema é a direção do PP em Porto Alegre, sob comando de Vitinho Alcântara.
A vereadora afirma que vem sendo sondada por PL, União Brasil, PSDB e Republicanos.
— Meu partido mudou de sigla e eu nunca mudei de partido. Meu pai (Pedro Américo Leal) ajudou a construir o partido no Rio Grande do Sul. Mas não tenho decisão tomada. Não compactuo com a direção do meu partido em Porto Alegre — diz a vereadora.
Também insatisfeito, o vereador Cassiá Carpes já definiu que no PP, não fica. Cassiá reclama da aproximação do partido com o centrão, que integra o governo Lula. Sobre o futuro partidário, o vereador diz que a sua condição principal é migrar para um partido que apoie a reeleição do prefeito Sebastião Melo. As siglas cogitadas são MDB, Republicanos, PRD, PL e Cidadania.
Descontente com a federação formada com o PSDB, Jessé Sangalli considera deixar o Cidadania. Ele afirma ter recebido convites de PL, MDB, Novo e PP.
— Foi uma grande surpresa a federação do Cidadania com o PSDB para mim: me opus e admito que não me sinto confortável estando no mesmo barco de um governador que não tem palavra e tenta aumentar impostos em toda e qualquer oportunidade — afirma Jessé.
Embora não reconheça em público, a vereadora Mari Pimentel vem emitindo sinais de que pode deixar o Novo na janela de março. O destino, porém, é ainda mais incerto.
Debandada
A maior debandada deve ocorrer no PTB, que se fundiu ao Patriota para dar origem ao Partido Renovação Democrática (PRD). Em 2020, o PTB elegeu três vereadores na Capital. Agora, corre o risco de perder os três na janela partidária.
O atual presidente da Câmara, Hamilton Sossmeier, e o vereador Giovane Byl planejam migrar para o Podemos. Já a vereadora Tanise Sabino, esposa do presidente estadual do PRD, Elizandro Sabino, condiciona a permanência na agremiação recém-criada à formação de uma nominata competitiva para concorrer à Câmara.
O cálculo é simples: para garantir uma ou mais cadeiras na Câmara, o PRD precisará somar um determinado número de votos. Para que isso aconteça, é necessário ter candidaturas competitivas, que ajudem no somatório final de votos do partido.
— É o partido no qual eu sempre morei. Tenho amigos, lideranças. Estamos avaliando a questão da nominata. Tenho um mandato consolidado. Meu desejo é permanecer, estamos trabalhando para isso — observa Tanise.
Se sair, Tanise cogita trocar o PRD por PP, Republicanos, PL ou MDB.