Roubada de Leonel Brizola e de trabalhistas históricos por Ivete Vargas, na redemocratização, a sigla PTB morre sem deixar saudade. Por muitos anos, foi sinônimo de fisiologismo, aliando-se a qualquer partido que oferecesse cargos. Roberto Jefferson, pela política da violência, a foi matando aos poucos, a ponto de na eleição passada o PTB ter se tornado uma espécie em extinção, o que forçou a fusão com o Patriota.
Agora, ninguém quer saber dessas três letras. Nem os herdeiros de Brizola têm disposição para brigar por ela, nem no PDT, que se considera o verdadeiro herdeiro do trabalhismo, há algum movimento de saudosistas para ressuscitar o PTB. A ex-deputada Juliana Brizola diz que a sigla PTB está contaminada pela ação truculenta de Roberto Jefferson.
Na última eleição, PTB e Patriota não fizeram votos suficientes para superar a cláusula de desempenho e ter acesso ao dinheiro do Fundo Partidário. Com a fusão, a nova legenda que emerge, o Partido da Renovação Democrática (PRD), terá acesso a R$ 22,8 milhões referentes a 2023.
No Rio Grande do Sul, o PRD será comandado pelo deputado estadual Elizandro Sabino, que vinha presidindo o PTB. Seu principal desafio será reverter o encolhimento drástico da sigla, que sofreu uma debandada no Estado após os arroubos de Jefferson contra o então vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, em 2021.
Sabino afirma que o PRD será um partido de centro-direita e conservador, mas aberto ao diálogo com diferentes governos. Já as influências do bolsonarismo e de Jefferson devem ser deixadas de lado.
— É um novo partido. A era Bolsonaro passou, ele nem será candidato na próxima eleição. O ex-presidente Roberto Jefferson está completamente fora do processo — afirma Sabino.
No Rio Grande do Sul, o objetivo a curto prazo do PRD será manter as prefeituras sob controle do PTB. Depois da conclusão dos trâmites legais pelo Tribunal Superior Eleitoral, o novo partido deverá arrancar com 30 prefeitos e 30 vices no Estado, que hoje são filiados ao PTB.
— É um novo cenário. Muitos que estavam pensando em sair, agora com o novo partido tem tempo de rádio, televisão, Fundo Partidário. Muitos virão, outros sairão. Será um processo de construção — projeta Sabino.
Em princípio, o novo partido começará com um deputado estadual (Sabino), três vereadores na Capital (Giovane Byl, Hamilton Sossmeier e Tanise Sabino) e nenhum deputado federal. Mas não é assegurado que todos permaneçam. Sossmeier, por exemplo, poderá trocar o PRD pelo Podemos.