O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Empossado nesta quarta-feira (8) pelo governador Eduardo Leite como secretário de Habitação, Carlos Gomes é cauteloso em relação aos arranjos políticos que desaguarão na disputas eleitorais de 2024 e 2026. Presidente estadual do Republicamos, Gomes sinaliza que a entrada formal do partido na base governista não significa alinhamento automático nas eleições.
— Andar junto ou não vai depender das circunstâncias políticas do momento. Isso também passa pela (direção) nacional. Se tiver que andar com a candidatura do governador Eduardo Leite, não vejo grandes problemas. Mas o Republicanos tem também um governador chamado Tarcísio (de Freitas, de São Paulo), e aí vai depender dos projetos nacionais — analisa o secretário.
Com forte influência sobre o eleitorado evangélico, o Republicanos integra a base do prefeito Sebastião Melo na Câmara Municipal. Hoje, a tendência é de que o partido apoie o emedebista na busca pela reeleição em 2024. Se o cenário se confirmar, Leite e o Republicanos poderão estar de lados opostos na Capital, caso o PSDB lance a deputada estadual Nadine Anflor para a disputa.
— Hoje (o partido) está muito próximo do Sebastião Melo, tem tudo para apoiar o Melo, a menos que tenhamos candidatura (própria) — resume.
A despeito de o Republicanos ter apoiado o candidato bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL) em 2022, Gomes avalia como natural a aproximação com o Piratini. O secretário faz questão de lembrar que o Republicanos foi apoiador de primeira hora de Leite em 2018, quando o tucano se elegeu para o primeiro mandato.
— Sempre tivemos afinidade com o governador. Vejo com naturalidade. Os arranjos eleitorais são feitos para a disputa eleitoral. Passada a eleição, temos de buscar a pacificação para o período de governo.
Prioridades
A partir da próxima segunda-feira (13), quando começará a despachar em Porto Alegre, Gomes terá três prioridades. A primeira é auxiliar as vítimas das enchentes de setembro a reconstruir as moradias devastadas pelo Rio Taquari.
A segunda é ajudar a destravar a finalização da ponte do Guaíba, que depende da transferência das famílias que moram no traçado das quatro alças de acesso que ainda não foram concluídas. Nesta semana, Gomes telefonou ao prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e sugeriu a formatação de um plano envolvendo município, Estado e governo federal para transferir as famílias.
— Quem começou a ponte foi o governo federal, que já deveria prever a remoção das famílias para concretizar a obra. Mas ficou para trás. Precisamos dar as mãos, fazer essa parceria. Primeiro vamos formatar o que cada um vai fazer — explica Gomes.
Outra prioridade destacada pelo secretário é avançar na regularização fundiária, para assegurar às famílias a posse de imóveis que não estão legalizados.