Afastado da prefeitura de Cachoeira do Sul na manhã de quinta-feira (28), em uma operação batizada de "Fandango" pelo Ministério Público, o prefeito José Otávio Germano publicou nota no Jornal do Povo dando seu ponto de vista sobre a ação. Na nota, José Otávio começa dizendo que foi acordado violentamente em sua casa, com a quebra da porta, às 6h da manhã, por cerca de 10 policiais e uma promotora.
"Estava dormindo sozinho em casa. Procuravam computadores (não tenho em casa), procuravam cofre (não tenho em casa e em lugar nenhum). Procuravam armas (não tenho nenhuma). Me perguntavam onde estava o dinheiro. Não tinha nada em casa", escreveu.
No parágrafo seguinte, o prefeito afastado entrou no assunto que virou piada na cidade:
"Procuraram droga. E confundiram pó pelotense com droga, pois utilizo em minhas feridas e assaduras por recomendação médica. Pedi para fazerem o teste ou algo do tipo e não quiseram fazer. Já saíram me acusando. Ao lado de onde eles encontraram a suposta droga que eles falam estavam os potes dos pós pelotenses, o que comprova que nunca teve droga alguma".
O prefeito diz que escreveu a nota sem saber o que consta no processo, que está em segredo de Justiça:
"Não preciso ler para me manifestar. Não existe nenhum ato meu enquanto prefeito que incorra em qualquer ilegalidade (corrupção, roubo, favorecimento, rachadinha, etc.). Se uma só pessoa disser que exigi vantagens enquanto prefeito, eu renuncio ao meu mandato imediatamente. Não tenho caderneta de poupança, não tenho aplicações, não tenho bens. Basta um exame superficial em minha conta bancária. Tenho 30 anos de mandato público, sempre pelo voto direto das pessoas (...)".
E emenda:
"Estou triste. Violentado. Me sinto perseguido", escreveu.
Mais adiante, o prefeito diz que nunca recebeu empresários em sua residência. E alinha uma série de doenças:
"Operei, enquanto prefeito, duas vezes o fêmur, duas vezes o quadril e coloquei prótese total no joelho e hoje me recupero de uma grave pneumonia em casa. Nestes períodos acompanhei tudo através de reuniões e ligações com o secretariado".
E conclui:
"Tudo isto sem nenhuma acusação. Mostra uma operação política, midiática, que visa atingir a mim e ao meu grupo de maneira sórdida e traiçoeira. Os cachoeirenses me conhecem há 60 anos. Minha história de vida é pública. Minha consciência está tranquila. Nunca fiz nada ilegal enquanto prefeito de Cachoeira do Sul. A dor no coração, não sei se passa. Mas sei que a verdade dos fatos virá à tona rapidamente".