Anunciada em 2019, a transferência do Hospital Femina da Rua Mostardeiro para o complexo do Grupo Hospitalar Conceição, na Zona Norte, segue nos planos da nova direção do GHC, mas o presidente Gilberto Barichello garante que não será consumada nos próximos quatro anos.
O foco agora é o Centro de Oncologia, cujo prédio está concluído, mas ainda precisa ser equipado. A inauguração está prevista para junho de 2024.
O novo Femina deverá ser construído junto ao Hospital da Criança Conceição, o que, segundo Barichello, permitirá racionalizar o uso de recursos públicos e melhorar a qualidade do atendimento a mães e filhos, pela capacidade de atender casos de alta complexidade.
Um dos argumentos de Barichello é o mesmo usado por André Cecchini, em 2019, quando anunciou a transferência, rechaçada por médicos e funcionários do Femina: o público usuário está mais próximo do Conceição e do Cristo Redentor do que do bairro Moinhos de Vento.
— O que muda é que nós estamos pedindo ao governo federal para tirar o Femina da lista das privatizações — disse Barichello nesta quinta-feira, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
O presidente que deixou o cargo em março, Cláudio Oliveira, diz que o hospital, especializado no atendimento de mulheres, nunca esteve na lista de privatizações:
— Nunca falamos em privatização, mas em transferência. O Femina seguiria existindo em outro lugar.
Situado em uma das regiões mais valorizadas da Capital, na divisa dos bairros Independência e Moinhos de Vento, o Femina ocupa um terreno cobiçado pelo mercado imobiliário.
Quando a venda do terreno foi cogitada, no início do governo de Jair Bolsonaro, a direção do GHC explicou que a ideia era fazer uma permuta: a empresa que ficasse com a área construiria o novo hospital, faria a transferência dos equipamentos e instalaria outros para fazer um hospital melhor.
Inimigos na trincheira
De nada adiantará o presidente Lula montar um conselhão amplo, com representação de diferentes setores da sociedade, se não conseguir conter os aliados que se comportam como inimigos na trincheira.
Um dos maiores problemas do governo é a invasão de propriedades pelo Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST). Se Lula mostrar condescendência com ilegalidades, ficará difícil reconstruir os laços com o agronegócio, que têm as invasões como principal argumento para temer o governo petista.