Uma professora de 71 anos, que poderia estar aposentada mas preferiu continuar dando aulas na esperança de mudar a vida de crianças e adolescentes, é a vítima fatal do atentado a faca praticado por um aluno de 13 anos em uma escola pública de São Paulo. O lamentável episódio que vitimou a professora Elisabeth Tenreiro, a Beth, foi planejado pelo adolescente e divulgado para um grupo restrito na internet, com direito a curtidas e manifestações de apoio, segundo as informações da polícia. Outras cinco pessoas ficaram feridas e a tragédia só não foi maior porque duas professoras dominaram e desarmaram o assassino.
Comuns nos Estados Unidos, onde nesta segunda-feira (27) mesmo três alunos e três professores foram mortos por uma atiradora no Tennesse, atentados contra escolas ainda são raros no Brasil. Sempre que um ocorre (ou é evitado) a pergunta que se faz é o que se pode aprender com eles.
No caso da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste de São Paulo, as primeiras informações indicam que na raiz do crime está a solução simplista. E soluções simplistas são as que mais aparecem em casos como este — de armar os professores a expulsar da escola os alunos que ofereçam risco.
O adolescente, tido como de comportamento agressivo, já havia ameaçado atacar a outra escola onde estudava. Em boletim de ocorrência registrado por uma funcionária da Escola Estadual José Roberto Pacheco, em fevereiro, consta, segundo a Folha de S.Paulo, que o jovem vinha apresentando comportamento suspeito nas redes sociais, “postando vídeos comprometedores”, por exemplo, e “portando uma arma de fogo e simulando ataques violentos”.
O que se fez então? O adolescente foi transferido para outra escola, a Thomazia Montoro. Não há notícias de que a transferência tenha sido acompanhada de um trabalho de acompanhamento psicológico que protegesse os futuros colegas e professores. Também não se sabe como se deu a abordagem dos pais ou se houve algum esforço para mergulhar nas ditas postagens e entender o risco que oferecia.
A polícia de São Paulo diz que, como o perfil era fechado, só com a apreensão do celular soube-se que o ataque tinha sido planejado, que a intenção era matar e que o rapaz expôs essas intenções e recebeu apoio de seguidores que agora serão investigados.
Teria como ser diferente? Essa resposta deve ser buscada pelas autoridades da área de segurança e de educação de todos os Estados, com a devida troca de informações. Para que não se repitam em outras escolas as cenas de dor e pânico que marcarão para sempre a vida de alunos e professores.