Reeleito para o segundo mandato, o deputado gaúcho Ubiratan Sanderson (PL) já conhece suficientemente os meandros da Câmara para saber que não há a mais remota possibilidade de o presidente Arthur Lira (PP-AL) levar adiante sua proposta de impeachment do presidente Lula. Mesmo assim, decidiu protocolar na última quarta-feira (25) o requerimento para marcar posição, alegando que Lula cometeu crime de responsabilidade ao dizer que a ex-presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe.
O deputado alega que Lula atentou contra os três poderes da República ao falar em golpe, já que o impeachment seguiu o rito previsto em lei. O PT sempre entendeu que o afastamento de Dilma tinha sido um golpe político, dado que as pedaladas fiscais, crime de responsabilidade apontado no processo, foram cometidas por outros governos.
Não foi um golpe clássico, com tanques nas ruas ou atropelo do Legislativo e do Judiciário. A Câmara e o Senado aprovaram e quem presidiu a sessão derradeira foi o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal.
A verdade é que Dilma caiu porque brigou com Eduardo Cunha, não soube se relacionar com o Congresso e o seu vice, Michel Temer, conspirou contra ela. Caiu porque estava desgastada, a economia ia mal e havia protestos nas ruas pedindo sua saída.
Sanderson é bolsonarista convicto e quer ter a primazia de apresentar o primeiro pedido de impeachment. Assim como ocorreu com Bolsonaro, alvo de 153 pedidos de impeachment, os adversários não darão trégua a Lula, mas Lira, que deve ser reeleito presidente da Câmara na próxima semana, não entrará em nenhuma aventura. Político experiente, sabe que o impeachment é um remédio amargo que não pode ser aplicado como se fosse elixir paregórico para qualquer dorzinha de barriga.
Confira a íntegra do pedido: