O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
O diretório gaúcho do Progressistas (PP) enviou um ofício à direção nacional pedindo que o partido se posicione formalmente como oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O documento assinado na quarta-feira (25) pelo presidente estadual do PP, Celso Bernardi, ressalta que a legenda tem uma posição histórica de direita e conservadora.
"O que se observa neste primeiro mês é que o governo petista/lulista caminha em direção contrária a nossa doutrina e valores. Deixam claro que estão de volta, mas nada aprenderam, nem esqueceram, e continuam com os mesmos vícios de gestão e com a mesma estimação pelas ditaduras", diz um trecho do texto (leia a íntegra abaixo).
A manifestação do PP gaúcho é direcionada ao presidente nacional em exercício da legenda, deputado federal Cláudio Cajado (BA). Deputado reeleito para o oitavo mandato, Cajado é ex-aliado do PT na Bahia, onde os progressistas formaram coligação com Jaques Wagner e Rui Costa em 2010, 2014 e 2018.
No ano passado, no entanto, o PP apoiou o candidato derrotado ACM Neto (União Brasil) após desacordo com o PT para a sucessão de Rui Costa no governo da Bahia.
Apesar do estremecimento regional, Cajado deixou a porta aberta para eventual participação do PP na base do governo Lula, em entrevista ao jornal O Globo, em novembro.
— É possível que venha a ocorrer (convite) em função da presidência da Câmara. Se o governo passa a apoiar o nome do deputado Arthur Lira, obviamente que pode acontecer uma contrapartida, não é verdade? — disse, na época.
O PP integrou a base do governo Jair Bolsonaro no Congresso a partir de 2020 e apoiou o então presidente na fracassada tentativa de reeleição.
Ciro Nogueira
Se por um lado o presidente do PP em exercício não assume posição contundente em relação ao novo governo, o presidente licenciado do partido, Ciro Nogueira, faz críticas ácidas quase diárias a Lula.
"Mais uma novíssima ideia do governo Lula, retirada diretamente do armazém de antiguidades: voltar a usar o dinheiro dos brasileiros para financiar obras em países amigos. O PT pode querer permanecer no passado, mas o Brasil andou para frente e as velhas práticas não podem voltar", escreveu o ex-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro.