Agora que a equipe econômica comandada por Fernando Haddad está formada, com nomes do agrado do mercado e outros repudiados pelos liberais, as palavras do futuro ministro ganham peso e serão cada vez mais capazes de influenciar o comportamento do real frente a outras moedas, o desempenho das bolsas e a visão dos estrangeiros sobre o futuro do Brasil. Não adianta Haddad prometer equilíbrio fiscal se as palavras não vierem acompanhadas, já nos primeiros dias de janeiro, de medidas concretas.
Em entrevista ao jornal O Globo, antecipada parcialmente pela jornalista Miriam Leitão, Haddad tocou violino para o mercado. Disse que o déficit de 2023 será menor do que o previsto no orçamento e que sua prioridade será arrumar a casa. A repercussão foi boa, o ano está terminando, mas a vida real começa na próxima segunda-feira.
Não se espere a tradicional trégua de cem dias dos agentes econômicos. Haddad terá de administrar a pressão externa em um período em que a própria equipe estará se conhecendo e se familiarizando com a máquina pública.
O Brasil que Lula assume domingo não é o mesmo de 2002, nem de 2006, mas ele tem margem para conquistar a confiança dos desconfiados se seguir o que disse na entrevista ao Globo: que é preciso rever desonerações feitas pelo governo de Jair Bolsonaro no período eleitoral e aumentos irresponsáveis de gastos. Seria algo na casa de 3% do PIB.
Ainda que o corte desagrade aos consumidores, as isenções de impostos sobre combustíveis por exemplo, foram adotadas sem base técnica. O que importava ali era ganhar a eleição e os combustíveis estavam atrapalhando o projeto eleitoral de Bolsonaro. Tanto que ele armou uma bomba fiscal para os Estados e municípios, retirando receita de ICMS sem um período de transição.
Subsídio é como almoço grátis: não existe. Quando se dá vantagens a um setor, outro é chamado a pagar a conta. Ou a população, na forma de imposto. Por isso, cautela será a palavra de ordem nos primeiros dias.
Façanha em Campo Bom
No momento em que o futuro ministro da Educação Camilo Santana fala em prioridade para a educação básica, a começar pela educação infantil, a cidade gaúcha de Campo Bom orgulha-se de uma façanha: conseguiu zerar a fila de creche e pré-escola em turno integral.
A prefeitura informa ter criado 600 novas vagas desde 2017. Garante que todas as inscrições de novos alunos feitas no último período serão atendidas e as crianças estarão em sala de aula em 2023.
– É mais uma prova de que a administração sob nossa gestão acredita no futuro que se constrói a partir das salas de aula, investindo e assegurando o direito à educação pública de qualidade para todas as crianças – diz o prefeito Luciano Orsi.
Não, obrigado
Apesar de não estar na lista dos deputados estaduais do PP que aceitariam assumir uma secretaria no segundo governo de Eduardo Leite, Guilherme Pasin, ex-prefeito de Bento Gonçalves, foi convidado para assumir o Turismo. E recusou.
Perde o Estado, já que Pasin conhece o assunto e poderia ajudar outras regiões a fazerem o que o Vale dos Vinhedos faz tão bem.
O PP que será a maior bancada da base de Leite, tem apenas um nome no secretariado até agora: Ernani Polo, no Desenvolvimento Econômico.