Há uma nova configuração no horizonte dos gaúchos cotados para o primeiro escalão do governo Lula. Mais influente petista do Estado, Paulo Pimenta deve ser nomeado para a Secretaria de Comunicação Social (Secom), e não para o Ministério das Comunicações, como havia sido cogitado. Na Secom, Pimenta cuidaria de quatro eixos: publicidade institucional, noticiário oficial e relação com a imprensa, mídias digitais e eventos presidenciais. Os três primeiros são considerados estratégicos para o governo e prioritários para o PT. No cargo, Pimenta teria gabinete no Palácio do Planalto e assento no núcleo de poder da nova gestão.
A ascensão de Pimenta contrasta com a situação de Edegar Pretto. Citado como nome forte para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Pretto não teve chancela do MST, que sugeriu o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) para o posto. A indicação esbarrou na divisão geográfica da Esplanada, pois já há dois baianos no ministério – Rui Costa na Casa Civil e Margareth Menezes na Cultura. Instado a oferecer um segundo nome, o MST declinou, alegando que a pasta precisa ficar com alguém do Nordeste.
Nesta toada, cresceu o nome de Maria Fernanda Coelho. Ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda já dirigiu o ministério no governo Dilma, é de Pernambuco e mulher, credenciais que preenchem várias lacunas. Pretto não ficará no relento, mas deve ocupar posição menor, como a presidência do Incra ou da Conab. Será um cargo de abrangência nacional e que lhe dê projeção para a disputa do Piratini em 2026.
A performance na última eleição levou setores do PT a cogitar Pretto como candidato à prefeitura da Capital em 2024, mas o deputado refutou. Nos seus cálculos, se perder fica enfraquecido para a eleição ao governo em 2026 e, se ganhar, fica fora da corrida estadual. Para 2024, o PT quer reforçar o atual arco de alianças e não descarta apoiar um nome do PSOL.
Hermanos políticos
Afinados na política, Eduardo Leite e Ranolfo Vieira Jr (foto) também sincronizaram a torcida no futebol. Ambos vibraram com a vitória da Argentina na final da Copa. Leite saboreava um churrasco na casa de uma amiga e, tão logo o juiz encerrou a partida, parabenizou por mensagem o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli. No sábado, ele esteve ao lado de Ranolfo no Litoral Norte, no lançamento da Operação RS Verão Total. Nesta segunda-feira (18), Ranolfo posa para a foto oficial da galeria de governadores e, na sequência, prestigia a diplomação de Leite. A posse está marcada para as 10h de 1º de janeiro. Leite passa o Natal com a família, em Pelotas, e o Ano-Novo com o namorado, em Porto Alegre. Ainda é incerto o futuro político de Ranolfo.
Veredito
Derrotado nas urnas, Onyx Lorenzoni sofreu revés judicial para Tânia Moreira, que coordenou a comunicação de Eduardo Leite. Na sexta-feira (16), o STJ negou recurso especial em que o deputado contestava dívida, em valores atuais, de R$ 1,9 milhão com a jornalista. Ela chefiou a campanha de TV e rádio de Onyx à prefeitura da Capital em 2008, mas eles romperam após atraso nos pagamentos. Tânia foi à Justiça, com vitórias em 1ª e 2ª instâncias. Onyx pode recorrer à 4ª turma da Corte, mas, pelo caráter protelatório do recurso, ele recebeu multa que elevou em 10% os honorários.
Rebelião dos CCs
Causou furor no Piratini a exoneração em massa prevista para o dia 31. A ideia era demitir todo mundo e renomear grande parte na nova estrutura de cargos e salários que está na Assembleia. Como a chiadeira foi grande, Eduardo Leite teve que gravar vídeo cancelando a medida e acalmando os CCs.
Indicações travadas nos Estados
A demora na nomeação dos ministros trava a repartição do poder nos Estados. No RS, a esquerda está montando o mapa dos cargos, mas são raros os postos de livre nomeação. Com quatro hospitais e 12 diretorias, o Grupo Hospitalar Conceição é a joia da coroa, seguida pelo Trensurb. Na maioria das outras estruturas, a lei prevê chefia por servidores de carreira. Enquanto esperam pelo anúncio dos ministros para ter um interlocutor, PT, PCdoB, PV e Rede decidiram criar lista única de indicação, evitando disputas. A única certeza é que os petistas ocuparão espaço majoritário.
Epitáfio
Oito dias após fracassar na tentativa de se reeleger, o deputado Nereu Crispim (PSD) espetou conta de R$ 69 mil na Câmara, pedindo reembolso por propaganda do mandato. O gasto é vetado nos quatro meses anteriores à eleição, mas foi só fechar a urna que Nereu apresentou a fatura.
Dâmocles
Avançou na Justiça Federal o processo de improbidade contra Osmar Terra. O juiz Vigdor Teitel refutou a alegação de que o deputado teria sido beneficiado pela nova redação da Lei de Improbidade e pediu produção de provas à defesa e ao MPF, deixando o processo na antessala da sentença. Terra é réu por ter suspendido edital da Ancine para séries de TV com temática gay quando foi ministro de Jair Bolsonaro. A medida teria causado prejuízo de R$ 1,7 milhão à União. Ele nega irregularidade e diz que a suspensão era ato previsto no edital.
2027
Beto Fantinel desdenhou da Secretaria de Assistência Social e foi avisado pelo MDB que ficará de fora do governo Leite. Postulou então a presidência da Assembleia, mas teve as unhas aparadas pela bancada. Talvez na próxima legislatura.
Feitiço
Eduardo Leite ofereceu a pasta para o Republicanos, que piscou de volta. Majoritário, o grupo do tenente-coronel Zucco empurra Sérgio Peres para o cargo, liberando a presidência da Assembleia para Gustavo Victorino em 2026.
Herança
Primeiro suplente do MDB e com os sapatos já engraxados para a posse, Rafael Braga não gostou nada de saber que terá de manter no gabinete antigos assessores do titular do mandato que virar secretário. Seja ele quem for.
Lupa
Cheirou a queimado a licitação da prefeitura de Porto Alegre para terceirizar atendimento na Rede de Atenção Primária à Saúde na Capital. O edital é questionado desde agosto, mas a prefeitura deu de ombros, ignorando alertas de irregularidades e suposto favorecimento. O resultado foi homologado e as contestações, indeferidas. Mas bastou a PF dar uma batida na sede de uma das vencedoras, a IBSaúde, que no dia seguinte o secretário Mauro Sparta revogou o edital.