O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Área considerada prioritária pelo próximo governo estadual, a Educação seguirá sob o comando da secretária Raquel Teixeira em 2023, como havia sido antecipado pela coluna em novembro. O anúncio foi feito pelo governador eleito Eduardo Leite nesta sexta-feira (16), no 21º andar do Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF).
Ao lado de Raquel e do vice eleito, Gabriel Souza (foto), Leite reafirmou a promessa feita no segundo turno das eleições de que o futuro governo irá implementar progressivamente o Ensino Médio de turno integral até atingir a meta de 50% das escolas da rede estadual do Rio Grande do Sul.
Em 2023, a modalidade deve ser adotada em 140 colégios que já possuem a estrutura necessária para ter aulas em dois turnos (manhã e tarde). O objetivo é chegar a 550 escolas em 2026, ao final do governo.
— Nosso foco é ampliar o Ensino Médio de tempo integral, recuperação da aprendizagem, considerando o pós-pandemia, uma recuperação da capacidade de execução de obras de infraestrutura nas escolas e a preparação do nosso jovem para o mercado de trabalho. Eu me sinto seguro com a continuidade da secretária Raquel — afirmou Leite.
A secretária explicou que o critério a ser adotado para a escolha das instituições que terão turno integral é que tenha Ensino Médio diurno, prédio próprio, cozinha, refeitório e "espaço adequado". Além disso, é preciso que a escola não seja a única de Ensino Médio da cidade — ponto que exclui dezenas de municípios pequenos, onde normalmente existe apenas um colégio estadual.
Para avançar na implantação do turno integral, Raquel estabeleceu uma série de objetivos. Um deles é a tentativa de aumentar o valor da bolsa de R$ 150 paga a estudantes de baixa renda como forma de incentivar a permanência na escola. Também haverá capacitação de professores.
A secretária avalia que uma das principais dificuldades é a cultura do Estado, onde os jovens começam a trabalhar cedo.
— Aqui no Rio Grande do Sul, é muito forte a ideia de que os jovens de 15, 16 e 17 anos têm que trabalhar, o que é louvável, só que as famílias talvez tenham que entender que nesse século 21, às vezes não trabalhar por dois anos e se qualificar em competências mais sofisticadas vai permitir uma empregabilidade muito maior desse jovem — disse Raquel.
O vice Gabriel Souza ficará responsável por coordenar os programas da área da educação.
Custo
Questionado pela coluna a respeito do custo orçamentário para a implantação do turno integral no próximo governo e sobre eventual investimento de recursos de privatizações na área da educação, Leite respondeu que o governo de transição ainda não tem estimativa de quanto dinheiro será preciso investir para adaptar as escolas.
— Vamos colocar todos os esforços financeiros do governo nessa direção, porque nada é mais impactante para o futuro do Estado do que nós conseguirmos ter essa mão de obra qualificada, preparada para os empregos do futuro. Se for necessário fazer replanejamento de investimentos em função do cenário econômico, das receitas e das privatizações que aconteçam ou não, nós vamos fazer — assegurou Leite.
Após a coletiva de imprensa, Raquel comunicou aos jornalistas que deve ser lançado até o final de 2022 o edital de concurso para a contratação de 1,5 mil professores para atuar na rede estadual. A medida é considerada fundamental para tornar real a promessa de ter metade das escolas de Ensino Médio com turno integral.
Comunicação
Horas após confirmar a permanência de Raquel, o governador eleito anunciou mais um nome conhecido para compor o primeiro escalão. Tânia Moreira, que foi secretária da Comunicação até junho, retorna à pasta. Ela deixou o cargo na metade do ano para trabalhar na campanha de Leite.
— Comunicação é a parte estratégica do governo, porque é na relação com a sociedade que a gente consegue levar as informações, traduzir as políticas públicas para que sejam compreendidas por toda a sociedade — afirmou o tucano, em vídeo divulgado nas redes sociais.
Tânia é o quarto nome confirmado para o primeiro escalão. Os outros são Raquel Teixeira (Educação), Eduardo Cunha da Costa (Procuradoria-Geral do Estado) e Artur Lemos (Casa Civil).