Não poderiam ser mais afinados os discursos do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, na cerimônia de diplomação que encerrou o processo eleitoral de 2022. A presença dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, do procurador-geral da República, Augusto Aras, e dos ex-presidentes Dilma Rousseff e José Sarney amplificou o simbolismo do ato.
O diploma habilita Lula e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin a assumirem os cargos em 1º de janeiro de 2023.
Lula falou primeiro, deixando evidentes os problemas que enfrenta com a voz. Emocionado, chorou ao lembrar da primeira vez que ele, um operário sem curso universitário, recebeu o diploma de presidente eleito do Brasil. Antes, mencionou o período em que esteve preso em Curitiba e o apoio que recebeu nos momentos difíceis pelos quais passou nos últimos anos para dizer que a vitória na eleição de outubro não era apenas dele.
A maior parte do discurso foi dedicada à defesa da democracia, com fortes críticas às notícias falsas divulgadas nas redes sociais durante a campanha e aos ataques às urnas eletrônicas e à Justiça Eleitoral. Lula disse que “a máquina de destruição da democracia” não funciona apenas no Brasil, mas atua em diferentes continentes e precisa ser contida. Louvou a coragem dos ministros do TSE e do STF, que não se intimidaram com as ameaças institucionais e pessoais durante o processo eleitoral.
Nesse ponto, os dois discursos coincidiram no detalhe. Alexandre de Moraes disse que a Justiça Eleitoral se preparou desde o início para conter os ataques antidemocráticos ao Estado de direito e as ameaças “pessoais e covardes” a seus membros. Lembrou que esse trabalho de preparação foi iniciado pelo ministro Luis Roberto Barroso, na presidência do TSE, e teve continuidade com o ministro Edson Fachin, seus antecessores.
— O Poder Judiciário mostrou que tem força, independência, serenidade e altivez, e não se sujeita à coação de grupos extremistas autoritários, que serão responsabilizados para que isso não volte a acontecer nas próximas eleições — prometeu o ministro.
Em outro ponto de conexão com o discurso de Lula, que falou dos direitos do cidadão na democracia, o presidente do TSE desejou um mandato de “serenidade, êxito, paz e felicidade”, com investimentos em saúde, educação e habitação, essenciais à dignidade humana.